TCU Determina Planejamento Antecipado para Decisão sobre o Horário de Verão no Setor Elétrico Política by Portal Meus Investimentos - 19 de novembro de 2025 O Tribunal de Contas da União exige rigor técnico e antecedência do Governo na deliberação sobre a possível retomada do Horário de Verão, visando a estabilidade do setor elétrico. Conteúdo A Exigência de Planejamento do TCU O Impacto do Horário de Verão na Infraestrutura Elétrica Análise do Pico de Demanda na Era da Energia Renovável A Importância da Antecedência Regulatória Conexão com a Transição Energética e a Energia Limpa Próximos Passos para o Governo Federal O Tribunal de Contas da União, o TCU, lançou um ultimato ao Governo Federal, demandando uma avaliação técnica rigorosa e, acima de tudo, antecedência na decisão sobre a potencial retomada ou não do Horário de Verão (HV). A Corte de Contas, atuando como guardiã da eficiência pública, alertou que a falta de planejamento oportuno sobre esta política impacta diretamente a segurança e a economia do setor elétrico brasileiro, gerando incertezas para as distribuidoras, geradoras e, consequentemente, para o consumidor final. Para o público especializado em energia renovável e infraestrutura, a cobrança do TCU é vista como um resgate da racionalidade técnica. O debate sobre o Horário de Verão não é mais uma simples questão de atrasar relógios; é uma discussão complexa sobre o gerenciamento de pico de demanda (kW), a estabilidade da rede e a otimização de investimentos em infraestrutura. A decisão tardia ou imprevisível anualmente impõe custos regulatórios e operacionais desnecessários a um sistema que exige previsibilidade. O TCU exige que o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apresentem estudos detalhados sobre o real benefício econômico e operacional do Horário de Verão no contexto da matriz elétrica atual. Com a mudança nos hábitos de consumo e a explosão da energia solar fotovoltaica, os antigos parâmetros de economia não se sustentam sem uma reavaliação científica robusta. A Essência da Cobrança: Previsibilidade e Eficiência O cerne da determinação do TCU reside na necessidade de antecedência. Os planos de manutenção, as contratações de reserva de potência e as projeções de receita das concessionárias de distribuição são diretamente afetados pela curva de carga. O Horário de Verão altera o momento de maior consumo (o pico da noite), exigindo que o setor elétrico reconfigure sua operação. Sem saber se o HV será implementado, as empresas são forçadas a trabalhar com múltiplos cenários, elevando a margem de erro nos modelos de previsão. Essa incerteza se traduz em custos operacionais e, em última análise, em potenciais aumentos tarifários para cobrir riscos não mapeados. O TCU, portanto, age para proteger o erário público e a modicidade tarifária, exigindo que o Governo Federal forneça tempo hábil para a adaptação. O Tribunal requer que a avaliação seja concluída e a decisão final publicada com, no mínimo, três meses de antecedência à data tradicional de início do Horário de Verão. Este prazo é o mínimo necessário para que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Aneel e as concessionárias ajustem seus planos de despacho de geração, de uso da transmissão (TUST) e de distribuição (TUSD), evitando improvisações custosas. O Impacto no Pico de Demanda e na Tarifa Tecnicamente, o principal benefício do Horário de Verão no passado era o deslocamento do pico de consumo. Antes, o pico coincidia com o retorno das pessoas às suas casas e o acionamento simultâneo de iluminação e eletrodomésticos. Com o HV, o pico era empurrado para um momento em que a iluminação natural ainda estava presente, desafogando a rede no horário crítico. No entanto, a mudança nos hábitos e o aumento do uso de ar condicionado (que tem seu pico em função da temperatura e não da luminosidade) e o fim da produção industrial às 18h em muitos locais alteraram essa dinâmica. Além disso, a rápida expansão da energia renovável, especialmente a solar, tem um papel ambivalente. A energia solar de telhado (Geração Distribuída) mitiga o consumo durante o dia, mas a queda abrupta da geração fotovoltaica ao anoitecer coincide com o aumento do consumo residencial. O Horário de Verão atrasaria o pôr do sol, estendendo a geração solar por mais tempo e, potencialmente, aliviando o pico vespertino de forma mais eficiente. A avaliação do TCU exige quantificar esse novo benefício ou custo, considerando a curva de energia limpa. A diferença entre reduzir o consumo total (kWh) e reduzir a demanda de ponta (kW) é crucial para a economia do setor elétrico. Reduzir o kW de pico diminui a necessidade de acionar usinas termelétricas caras (reserva de capacidade) e atrasa investimentos em expansão de transmissão e distribuição. O TCU busca saber se o Horário de Verão ainda entrega esse alívio de kW com um custo-benefício positivo. Conexão com a Transição Energética e a Energia Renovável Para os especialistas em energia renovável, a previsibilidade é ouro. A intermitência das fontes eólica e solar exige um planejamento de backup preciso. Uma decisão antecipada sobre o Horário de Verão permite aos modeladores de sistemas integrar o potencial de extensão da geração solar na matriz de forma mais eficiente durante a primavera e o verão. O setor elétrico está investindo em sistemas de armazenamento e flexibilidade. O Horário de Verão, se mantido, funciona como uma “política de flexibilidade” de custo zero para o governo, ao usar a mudança de horário social para remodelar a curva de demanda. O TCU enfatiza que essa ferramenta, se for útil, deve ser manuseada com maestria regulatória e técnica. A decisão final do Governo, amparada pelos dados solicitados pelo TCU, deve ser transparente. Os estudos precisam discriminar o impacto da medida sobre o consumo de diferentes classes (residencial, comercial, industrial) e regiões, pois a eficácia do Horário de Verão varia significativamente devido à latitude e aos padrões climáticos regionais. O Caminho a Ser Seguido pelo Governo O Governo Federal precisa responder à cobrança do TCU com seriedade e rapidez. A inação, ou a decisão de última hora, será vista como negligência regulatória. O MME e a Aneel devem mobilizar a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e o ONS para realizar um novo ciclo de estudos, utilizando dados pós-abolição do HV (a partir de 2019) para traçar um panorama fiel da demanda energética brasileira. Esses estudos devem considerar o crescimento da frota eletrificada, a proliferação da energia solar e o comportamento do consumo em um cenário pós-pandemia. A decisão de reintroduzir ou não o Horário de Verão deve ser puramente técnica e econômica, dissociada de vieses políticos ou de percepção pública desatualizada. Visão Geral Em suma, a intervenção do TCU é um marco de governança no setor elétrico. Ela força o Governo a encarar a decisão sobre o Horário de Verão como um ato de planejamento de infraestrutura crítica e não como um capricho sazonal. A exigência de antecedência é um requisito fundamental para que a transição energética e a expansão energética no Brasil ocorram de forma eficiente e com o menor custo possível para a sociedade, garantindo que o setor elétrico continue operando com segurança e previsibilidade. A bola está agora com o Governo, que tem a obrigação de dar clareza ao mercado antes que o próximo ciclo de verão se inicie. Veja tudo de ” TCU Determina Planejamento Antecipado para Decisão sobre o Horário de Verão no Setor Elétrico ” em: Portal Energia Limpa. Compartilhe isso: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+ Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram Mais Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir Relacionado