Você está aqui
Home > Economia > Stablecoins O Coração Pulsante da Nova Economia

Stablecoins O Coração Pulsante da Nova Economia

Publicidade

E desafiam o sistema bancário global

As stablecoins são um novo tipo de ativo digital que tem atraído muita atenção, antes focada principalmente no Bitcoin. Imagine um dinheiro digital que tenta manter um valor estável, como o dólar ou o ouro. É exatamente isso que as stablecoins fazem! Elas são “lastreadas” (ou seja, seu valor é garantido por) moedas comuns (fiduciárias), produtos como ouro, ou outros ativos, para que seu preço não flutue tanto quanto o de outras criptomoedas. O exemplo mais famoso é o USDT (Tether), que tem seu valor ligado ao dólar americano. Existem muitas outras stablecoins, e o simples fato de existirem dezenas delas já mostra que estamos apenas no começo de uma grande revolução. Essa estabilidade é crucial, pois resolve um dos maiores problemas das criptomoedas: a alta variação de preço (volatilidade). Com um valor estável, investidores, empresas e bancos podem realizar transações financeiras de forma segura, rápida e barata em qualquer lugar do mundo, sem precisar de muitos intermediários tradicionais.

O Poder e o Alcance das Stablecoins

Atualmente, as transações com stablecoins já movimentam mais de US$ 10 trilhões por ano. Isso é um volume impressionante, superando até mesmo empresas gigantes de pagamentos como Visa e Mastercard, que levaram décadas para alcançar tais marcas. Para ter uma ideia da dimensão, a CoinMetrics revela que mais de 70% das negociações em plataformas de criptomoedas no mundo são finalizadas usando stablecoins, e não as moedas fiduciárias tradicionais (como dólar ou real). No Brasil, a Receita Federal confirmou que o USDT é a stablecoin mais usada desde 2023, com mais de R$ 210 bilhões transacionados em 2024 – um valor maior do que o movimentado por qualquer outra criptomoeda, inclusive o próprio Bitcoin. Em escala global, estudos da Circle e da Chainalysis indicam que mais de 60% das transferências internacionais de criptomoedas já são feitas via stablecoins. Esses dados mostram claramente que as stablecoins não são mais apenas ferramentas para especular em bolsas de cripto, mas sim um importante meio de pagamento e liquidação para transações internacionais.

Aplicações Práticas e o Cenário Regulatório

As stablecoins oferecem diversas vantagens práticas. Empresas as utilizam para reduzir drasticamente os custos e o tempo das transferências internacionais, transformando operações que levariam dias em questão de minutos. Elas também promovem a inclusão financeira, permitindo que pessoas em países com alta inflação ou moedas instáveis tenham acesso a ativos com valor ligado ao dólar. Muitas empresas já as veem como uma forma de “caixa digital”, aproveitando sua liquidez global. No cenário regulatório, no Brasil, as discussões sobre o Drex (a versão digital do real) mostram que stablecoins e as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) não são concorrentes, mas sim soluções que podem se complementar para modernizar os pagamentos digitais – um movimento irreversível, apesar das muitas informações falsas que circulam por aí. É claro que as stablecoins estão construindo uma nova base para o sistema financeiro global. Enquanto o Bitcoin nos apresentou a ideia de dinheiro digital escasso e o Ethereum nos trouxe aplicativos descentralizados, são as stablecoins que estão unindo o universo das criptomoedas ao mercado financeiro tradicional.

A Visão do Federal Reserve

O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, também está de olho nas stablecoins. Na ata de sua última reunião, foi registrado que “muitos participantes discutiram os desenvolvimentos atuais e futuros relacionados às stablecoins de pagamento e suas possíveis implicações para o sistema financeiro”. Alguns diretores notaram que o uso dessas moedas digitais pode aumentar significativamente após a recente aprovação do “Genius Act” nos EUA. O documento do Fed apontou que as stablecoins poderiam tornar o sistema de pagamentos mais eficiente e até mesmo “aumentar a procura por ativos que as garantem, como os títulos do Tesouro americano”. No entanto, o Fed também alertou que o avanço desses instrumentos “pode ter consequências mais amplas para os sistemas bancário e financeiro, além da forma como a política monetária é aplicada”. Por isso, os dirigentes concluíram que o assunto “merecia atenção cuidadosa”, incluindo um acompanhamento rigoroso dos diferentes tipos de ativos usados para garantir o valor das stablecoins, já que o processo regulatório ainda é complexo e incerto.

Instituições Financeiras Detectam um Vácuo Legal

Quando Donald Trump assinou o “Genius Act” – a primeira lei para regular stablecoins nos Estados Unidos, em 18 de julho –, o mercado de criptomoedas celebrou com grande entusiasmo. As principais criptomoedas até se aproximaram de seus valores máximos históricos. No entanto, menos de um mês depois, essa euforia começou a diminuir. Apesar de a Lei Genius ser um avanço reconhecido por todos, as primeiras “brechas” ou falhas já foram identificadas. Grandes bancos, por exemplo, pediram aos legisladores que ajustassem os regulamentos, proibindo qualquer tipo de entidade de pagar juros a quem possui stablecoins – um ponto que gerou bastante debate entre as empresas de cripto. O Genius Act estabelece que “nenhum emissor de stablecoin autorizado deve pagar ao detentor de uma stablecoin qualquer forma de juros ou rendimento (seja em dinheiro, tokens ou outra forma de compensação), apenas por possuir, usar ou manter tal ativo”.

Os Bancos e a Fuga de Depósitos

Aqui é onde os bancos veem um problema sério: a Lei Genius proíbe os *emissores* de stablecoins de pagar juros, mas não proíbe *outras entidades* como exchanges (bolsas de criptomoedas), intermediários e corretoras de oferecerem recompensas aos usuários por manterem stablecoins. Essa brecha permite que eles contornem a lei. Por isso, as associações de banqueiros estaduais, representando as principais instituições financeiras, enviaram uma carta aos legisladores. O objetivo é estender a proibição de pagamentos de juros a essas outras entidades, pois temem que os clientes retirem seus depósitos dos bancos para buscar rendimentos mais altos em stablecoins, o que causaria uma “fuga de depósitos”. A carta argumenta que “os bancos movimentam a economia transformando depósitos em empréstimos. Se os depósitos migram para stablecoins, a capacidade de gerar crédito é prejudicada”. Isso poderia levar ao aumento dos custos dos empréstimos e à redução do crédito disponível para empresas e famílias. Um relatório do Tesouro dos EUA, de abril, estimou que o crescimento do mercado de stablecoins poderia resultar na saída de até US$ 6,6 trilhões em depósitos bancários, dependendo dos rendimentos oferecidos. Além disso, o relatório indica que a crescente competição poderia forçar os bancos a aumentar os juros pagos aos clientes ou a procurar outras formas de financiamento. Analistas apontam que, para atrair mais clientes, as stablecoins precisariam oferecer rendimentos muito superiores aos dos bancos e se tornarem tão seguras quanto (já que os bancos oferecem seguro de depósito, algo que as stablecoins não têm). É crucial ter muita cautela neste momento, pois a movimentação em massa dos consumidores pode gerar instabilidade, e precisamos compreender o verdadeiro papel e impacto das stablecoins na nova economia digital.

Visão Geral

As stablecoins emergiram como um pilar fundamental da nova economia digital, conectando o universo das criptomoedas ao sistema financeiro tradicional. Elas oferecem estabilidade de valor, algo raro no mundo cripto, o que impulsiona transações rápidas, baratas e seguras em escala global, superando até mesmo métodos de pagamento consolidados. Seu impacto é visível no volume de negociações e transferências internacionais, consolidando-as como um meio de pagamento e reserva de valor. No entanto, seu rápido crescimento levanta questões importantes para os bancos centrais, como o Federal Reserve, que buscam entender suas implicações para a política monetária e a estabilidade financeira. A recente Lei Genius, nos EUA, é um passo inicial na regulamentação, mas já expôs “brechas” que preocupam as instituições financeiras tradicionais, especialmente a possibilidade de que entidades não-bancárias ofereçam juros sobre stablecoins, podendo causar uma fuga de depósitos dos bancos. Esse cenário complexo exige uma regulamentação cuidadosa para garantir a segurança dos consumidores e a estabilidade do sistema financeiro global.

Créditos: Charles Machado

Veja tudo de ” Stablecoins O Coração Pulsante da Nova Economia ” em: Portal Energia Limpa.

Deixe um comentário

Top