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Projeção do BNDES eleva custo de Angra 3 para R$ 817/MWh, exigindo decisão do CNPE sobre o futuro do setor elétrico.

A atualização da projeção do BNDES para o custo da geração firme de Angra 3, atingindo até R$ 817/MWh, intensifica o debate sobre a viabilidade econômica e a segurança do setor elétrico brasileiro, colocando a decisão final nas mãos do CNPE.

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A Matemática Inflacionada do BNDES: R$ 817/MWh

O aumento da projeção do custo de energia reflete, sobretudo, o prolongamento da paralisação, a inflação acumulada e a necessidade de atualizar o escopo do projeto, que está 65% concluído. O BNDES elevou o custo total estimado para finalizar as obras para R$ 23,9 bilhões, um incremento em relação às projeções de 2024. A cada ano de atraso, o custo de capital e de preservação dos equipamentos se acumula, inflando a tarifa final.

Essa nova faixa tarifária, de até R$ 817/MWh, representa o preço de equilíbrio que a energia de Angra 3 precisaria para remunerar o capital investido e garantir a operação ao longo dos anos. Para o mercado, é um número alto se comparado ao preço médio da energia renovável recente, mas deve ser avaliado sob a ótica da geração firme e da complementaridade estratégica no SIN.

Geração Firme vs. PLD: Onde o Custo se Justifica

O grande argumento para o alto custo de energia de Angra 3 é sua capacidade de oferecer geração firme e constante 24/7. Diferente das fontes eólicas e solares, que são intermitentes, a energia nuclear é despachada continuamente, atuando como base no sistema. Essa estabilidade é essencial para a segurança energética, especialmente em momentos de crise hídrica ou alta demanda.

O estudo do BNDES indica que, apesar de ser elevado, o custo de energia de Angra 3 pode ser inferior ao custo médio de muitas usinas térmicas de grande porte no Brasil. As térmicas são ativadas para suprir o déficit de energia e, frequentemente, operam com custos marginais muito superiores a R$ 817/MWh quando o PLD está em seu teto regulatório.

A entrada de 1.405 MW de geração firme nuclear reduziria a dependência do acionamento caro e poluente das termelétricas. Assim, o alto custo de energia de Angra 3 deve ser visto como um “seguro” contra os picos de preço e a instabilidade que caracterizam o setor elétrico brasileiro em momentos de estresse.

O Custo Morto O Abandono Custa R$ 26 Bilhões

Um dos pontos mais convincentes do estudo do BNDES é a análise do custo de abandono do projeto. O banco estimou que a paralisação definitiva da obra custaria entre R$ 21,9 bilhões e R$ 25,97 bilhões. Esse valor seria um custo morto, sem qualquer retorno em termos de energia para o país.

Ao comparar o investimento adicional necessário (R$ 23,9 bilhões) com o custo de abandono (até R$ 25,97 bilhões), o cenário de concluir Angra 3 se torna economicamente mais racional. A conclusão do projeto transforma um passivo bilionário em um ativo estratégico que, embora caro, produzirá energia por décadas.

A decisão de continuar, apesar do custo de energia de R$ 817/MWh, é uma forma de mitigar o prejuízo histórico do projeto e garantir que os recursos já investidos não sejam totalmente desperdiçados. É uma escolha entre um custo irrecuperável e um investimento de alto custo, mas com alto valor estratégico.

O Novo Prazo e o Modelo de Financiamento

Com o novo cálculo de custos, o prazo de entrada em operação comercial de Angra 3 foi revisto para 2033. Esse horizonte exige que o governo e a Eletronuclear, subsidiária da ENBPar, trabalhem rapidamente na estruturação do project finance para captar os R$ 23,9 bilhões necessários.

O modelo financeiro mais provável envolve a capitalização da Eletronuclear e a atração de parceiros privados internacionais. A nova tarifa de energia, de R$ 817/MWh, será a base para a securitização de receitas futuras e para a negociação de PPAs de longo prazo, essenciais para garantir a dívida do projeto.

O desafio está em convencer o mercado de que, mesmo com um custo de energia tão alto, a garantia da geração firme e o apoio governamental fazem do investimento em Angra 3 uma aposta segura a longo prazo. O sucesso dependerá da transparência e da blindagem regulatória para a conclusão.

A Bola no CNPE O Veredito Final

A análise do BNDES está agora nas mãos do CNPE. O Conselho, que define a política energética nacional, precisa deliberar sobre a vantajosidade da conclusão de Angra 3 e sobre o modelo financeiro a ser adotado. O estudo técnico aponta para a retomada, mas a chancela política é imperativa.

Para o setor elétrico, a aprovação final de Angra 3 é um indicativo de que o Brasil reconhece a energia nuclear como um pilar essencial da geração firme. A decisão é um marco que irá além dos números, definindo a filosofia de segurança energética do país na próxima década. A aceitação do custo de energia a R$ 817/MWh demonstra a priorização da estabilidade e geração firme sobre a otimização de custo a curto prazo.

Visão Geral

O BNDES recalibrou o custo de energia de Angra 3 para até R$ 817/MWh, considerando o investimento adicional de R$ 23,9 bilhões e o custo de abandono (próximo a R$ 26 Bilhões). A decisão final sobre a retomada do projeto, essencial para a geração firme do setor elétrico, compete ao CNPE, que ponderará o alto custo tarifário contra a segurança energética oferecida pela energia nuclear.

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