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ONS Prevê Excedente de Energia no Natal e Considera Restrição a Pequenas Usinas

O ONS sinaliza possível restrição à geração de pequenas usinas no Natal devido a um excedente de energia projetado, destacando desafios na gestão de fontes renováveis.

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Excedente Natalino: ONS Pode Desligar Fontes Limpas Para Evitar Colapso de Preço

Tópico: O Operador Nacional do Sistema (ONS) sinalizou a iminência de um excedente de energia no dia de Natal (25 de dezembro), devido à combinação de alta produção renovável e baixa demanda. A medida extrema sob análise é o cortar geração, ou restrição, da geração de pequenas usinas (como PCHs, eólicas e solares) conectadas diretamente às redes das distribuidoras.

Excedente de Natal: Quando a Energia Limpa Vira Problema de Gestão

Senhores e senhoras do setor elétrico, preparem-se para um paradoxo que só o nosso sistema altamente renovável consegue produzir. O Operador Nacional do Sistema (ONS), guardião da estabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN), projeta um cenário de excedente de energia no feriado de Natal. Isso significa que, no dia 25, podemos ter mais energia disponível do que o sistema consegue absorver ou, mais criticamente, pagar.

A medida drástica sob análise, que já gerou burburinho entre os geradores de pequeno porte, é o acionamento de restrições para cortar geração de pequenas usinas. Estamos falando de PCHs, usinas a biomassa e, notavelmente, parte dos ativos solares e eólicos descentralizados que possuem contratos de autoprodução ou conexão direta.

O Cenário do Excedente: Chuva, Vento e Baixa Carga

A previsão do ONS não surge do nada. Ela é um reflexo direto da hidrologia favorável e da alta performance das fontes intermitentes durante os feriados. O Natal, em particular, é um dia de queda abrupta na demanda industrial e comercial. A indústria desliga, os grandes escritórios fecham, e o consumo despenca.

Se combinarmos essa baixa carga com condições hidrológicas excelentes – reservatórios cheios e chuvas concentradas em bacias estratégicas – o resultado é um tsunami de energia firme e firme intermitente. O sistema fica “superabastecido”.

Neste contexto, o custo marginal de operação (CMO) do sistema tende a se aproximar de zero, ou até mesmo atingir valores negativos em horários específicos. Quando o ONS não precisa acionar termelétricas caras para suprir a demanda, o custo da energia despenca. O problema surge quando a geração firme (hidrelétrica) é tão abundante que a intermitente (eólica/solar) precisa ser contida para manter o equilíbrio físico da rede.

O Dilema do Cortar Geração: Protegendo o Preço, Penalizando o Limpo

O principal risco que o ONS busca mitigar ao sugerir o cortar geração é a pressão descendente no Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). Em cenários de excedente, a regra é clara: o Operador prioriza a geração das usinas despachadas centralmente, muitas vezes com contratos de longo prazo e custo zero de combustível (como as hidrelétricas).

As pequenas usinas (muitas delas do segmento de energia limpa), que operam com contratos de compra e venda ou em regime de autoprodução, são as primeiras a sofrerem com a restrição de despacho. Isso ocorre porque a rede já está “saturada” pela energia firme e barata.

Para os geradores limpos, essa não é apenas uma questão operacional, mas financeira. Um corte de geração no Natal significa perda direta de receita, impactando o fluxo de caixa e, potencialmente, o payback de seus investimentos em sustentabilidade.

Quem está na Mira do ONS?

A ação do ONS foca especificamente nas usinas cuja injeção pode ser controlada de forma mais ágil pelas distribuidoras ou que estão classificadas no Nível III de monitoramento. Isso inclui:

  1. Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs): Devido à sua flexibilidade, são acionadas rapidamente, mas podem ter seu vertimento controlado.
  2. Usinas Eólicas e Solares de Geração Centralizada (GC): Embora estas sejam grandes players, sua intermitência pode criar picos de energia que precisam ser gerenciados junto às fontes firmes.
  3. Geradores Conectados à Rede de Distribuição: A restrição pode ser solicitada via distribuidora, afetando a geração alocada a consumidores específicos.

Esta medida sublinha a necessidade contínua de desenvolver mecanismos de contratação e de remuneração para a energia intermitente, que, embora seja limpa, não pode operar livremente em momentos de oversupply.

A Infraestrutura como Gargalo

A possibilidade de cortar geração é um sintoma de que a infraestrutura de transmissão e distribuição não está preparada para absorver toda a energia renovável que o Brasil é capaz de produzir em condições ideais. A geração instalada está avançada, mas a capacidade de escoamento e, principalmente, de estocagem (como baterias em larga escala), ainda é incipiente.

Em um feriado como o Natal, a rede fica “presa” entre o excesso de recursos naturais e a baixa demanda de consumo. A solução do ONS, ainda que paliativa e penalizante para algumas fontes, é garantir a segurança do sistema, evitando sobrecargas e problemas operacionais catastróficos.

O Caminho para a Gestão do Excedente

O que o setor precisa aprender com esse risco de excedente para o Natal?

Primeiro, a urgência de armazenamento em larga escala. Se pudéssemos armazenar o excesso produzido na véspera ou no dia do feriado, a estabilidade estaria garantida sem a necessidade de cortes.

Segundo, a revisão dos mecanismos de contratação para fontes intermitentes. O mercado precisa criar formas de remunerar a energia disponível e planejada, e não apenas a energia despachada e consumida. Se a fonte está gerando, mas é impedida de injetar por excesso, ela não deveria ser penalizada financeiramente.

O ONS está exercendo seu papel de zelador da segurança do suprimento. Mas, para os profissionais de energia limpa, este risco de excedente é um lembrete contundente: o desafio da descarbonização passou da instalação para a integração inteligente. O Natal pode ser um marco zero para repensarmos como valorizar a energia quando ela é farta e limpa.

Visão Geral

O Operador Nacional do Sistema (ONS) projeta um cenário de forte excedente de energia para o dia de Natal (25 de dezembro), impulsionado pela alta geração hídrica e renovável intermitente, combinada com a baixa demanda típica de feriados. Para proteger o sistema e evitar quedas drásticas no custo marginal, o ONS avalia a possibilidade de impor restrições operacionais, visando cortar geração, especialmente de fontes descentralizadas como as pequenas usinas (PCHs, solares e eólicas). Esta situação expõe a lacuna entre a capacidade de geração de energia renovável e a infraestrutura de escoamento e armazenamento do sistema nacional.

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