O Freio da Renovação: Curtailment da Engie Atinge 24% no 3º Tri e Expõe Falha Crítica da Rede Brasileira Negócios by Portal Meus Investimentos - 6 de novembro de 2025 Publicidade O aumento do curtailment para 24% nas usinas da Engie evidencia a incompatibilidade entre o avanço da geração e a capacidade da infraestrutura de transmissão no Brasil. Conteúdo Visão Geral 24%: A Métrica do Desperdício e o Impacto no Balanço da Engie O Nó de Escoamento e a Infraestrutura Incompatível Projetos Futuros e o Risco de Ativos Encalhados As Soluções Necessárias: BESS e Smart Grids O Alerta Estratégico para a Transição Energética O terceiro trimestre de 2025 trouxe um número que ressoou como um alarme no setor de energia renovável: o curtailment (corte de geração por restrições sistêmicas) nas usinas solares e eólicas da Engie Brasil saltou para 24%. Esse dado não é apenas um indicador operacional; ele é o sintoma visível e doloroso da incapacidade do Brasil de acompanhar o próprio sucesso na Transição Energética. Para uma das maiores utilities do país, 24% significa uma frustração na geração de cerca de 430 MW médios, uma quantidade massiva de energia limpa desperdiçada. O termo curtailment deixou de ser um conceito acadêmico e se tornou um dos principais fatores de risco para investidores em energia renovável. A taxa de 24% nas operações da Engie coloca em xeque a eficiência econômica dos projetos, transformando ventos e sol abundantes em custos e oportunidades perdidas. Analistas do setor apontam que a Engie não está sozinha, mas seu índice serve como um termômetro da pressão insustentável sobre o Sistema Interligado Nacional (SIN). 24%: A Métrica do Desperdício e o Impacto no Balanço da Engie A Engie registrou um curtailment bem acima da média histórica do setor, que já era preocupante. Embora o lucro líquido da companhia no 3º tri tenha se mantido resiliente, em parte devido à diversificação de portfólio (com transmissão e hidrelétricas), o aumento exponencial do curtailment pressiona diretamente o EBITDA (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da área de geração eólica e solar. O que acontece é que a energia contratada via Leilões de Energia Renovável ou no Mercado Livre, garantida pela Engie, não pode ser efetivamente entregue. A usina está produzindo, mas o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) exige a redução da geração para proteger a estabilidade da rede de transmissão. O gerador, portanto, é impedido de vender a energia que já investiu para produzir, resultando em perdas financeiras significativas e frustração de receita. A elevação do curtailment para 24% nas usinas da Engie reflete a vulnerabilidade dos grandes parques concentrados, especialmente no Nordeste, onde a capacidade de escoamento é a mais sobrecarregada. Esse percentual elevado acende um alerta sobre a otimização de capital: é o equivalente a deixar um quarto de toda a produção limpa simplesmente ir para o ralo. O Nó de Escoamento e a Infraestrutura Incompatível A principal causa estrutural do curtailment é a disparidade temporal entre o desenvolvimento dos projetos de energia renovável e a expansão da infraestrutura de transmissão. Enquanto a tecnologia eólica e solar avançam a passos largos e barateiam o custo da geração, os leilões de transmissão e a conclusão das linhas necessárias para escoar essa energia enfrentam entraves burocráticos, ambientais e de logística. O ONS atua como o árbitro do sistema, e sua decisão de impor o curtailment é técnica e inevitável para evitar um colapso em cascata. O excesso de injeção de energia, especialmente em horários de pico solar ou eólico, em linhas de transmissão que não foram reforçadas ou expandidas a tempo, ameaça a frequência e a voltagem do SIN. A Engie, como player verticalizado e com forte presença em energia limpa, é uma das vítimas mais proeminentes desse descompasso. O setor elétrico como um todo, porém, está pagando a conta dessa inércia. É o custo de ter uma Transição Energética acelerada na geração e freada na transmissão. Projetos Futuros e o Risco de Ativos Encalhados A perspectiva da Engie sobre o futuro do curtailment é igualmente sombria. A própria companhia já sinalizou que espera manter níveis elevados do índice em 2025 e nos anos seguintes. Isso se deve à entrada em operação de novos projetos, que, ao se conectar ao mesmo sistema de transmissão sobrecarregado, apenas intensificarão o problema do escoamento. Essa situação cria um ambiente de alto risco para novos investimentos em energia renovável. Se o retorno financeiro de um projeto eólico ou solar for sistematicamente reduzido em 24% ou mais devido ao curtailment, a viabilidade econômica de futuras usinas torna-se questionável, mesmo que a fonte primária de energia seja gratuita (vento e sol). O risco de ativos encalhados (stranded assets) se materializa: grandes investimentos em usinas de ponta podem se tornar subutilizados e, consequentemente, economicamente inviáveis, a menos que a infraestrutura de transmissão seja drasticamente acelerada e modernizada. O mercado precisa de segurança de que a energia produzida será escoada. As Soluções Necessárias: BESS e Smart Grids Diante do diagnóstico, a solução não passa apenas pela pressa em concluir as linhas de transmissão licitadas. Embora essencial, o prazo para essas obras é longo. O caminho mais promissor está na tecnologia de armazenamento de energia e em uma gestão mais inteligente da rede. Os sistemas de BESS (Battery Energy Storage Systems) são a resposta imediata ao curtailment. As baterias podem absorver o excedente de energia renovável da Engie e de outras geradoras nos picos de produção, evitando o desligamento das usinas. Essa energia armazenada pode ser injetada no SIN em horários de maior demanda ou quando o curtailment for menor, otimizando o uso da capacidade existente. Além do armazenamento, é crucial investir em smart grids e tecnologias de flexibilização da geração. O ONS necessita de ferramentas mais sofisticadas para prever e gerenciar a intermitência, minimizando o recurso drástico do curtailment. A digitalização e a modernização da transmissão são tão importantes quanto a própria construção de novas linhas. O Alerta Estratégico para a Transição Energética O curtailment de 24% nas usinas da Engie é um poderoso lembrete de que a Transição Energética é um desafio de sistema, e não apenas de geração. O Brasil não pode se orgulhar de ter uma matriz majoritariamente limpa se uma parcela crescente dessa energia renovável for sistematicamente desperdiçada na rede. A perda de 430 MW médios da Engie é mais do que um número do balanço; é a representação do atraso do país em consolidar a infraestrutura do futuro. O setor elétrico exige um plano estratégico integrado, onde os incentivos à geração e à transmissão caminhem lado a lado, garantindo que o potencial eólico e solar do Brasil se traduza em segurança energética e em retorno financeiro, e não em frustração operacional. Visão Geral O curtailment recorde de 24% nas operações da Engie durante o 3º trimestre de 2025 expõe a falha na expansão da infraestrutura de transmissão brasileira para suportar o rápido crescimento da energia renovável. Este desperdício massivo de energia limpa ameaça a viabilidade de futuros investimentos e demanda soluções imediatas como BESS e modernização da rede. Veja tudo de ” O Freio da Renovação: Curtailment da Engie Atinge 24% no 3º Tri e Expõe Falha Crítica da Rede Brasileira ” em: Portal Energia Limpa. Compartilhe isso: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+ Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram Mais Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir Relacionado