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O crescimento desordenado da energia solar pode sair caro para o Brasil

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O Brasil precisa agir com responsabilidade, para que a transição energética não comprometa a segurança elétrica nem onere ainda mais a conta de luz dos brasileiros.

por Marcos Madureira, presidente da Abradee

No último Dia dos Pais, o Brasil quase viveu um colapso no fornecimento de energia elétrica. Em apenas alguns minutos, a geração de energia solar conhecida como micro e minigeração distribuída (MMGD), produziu tanto que o Operador Nacional do Sistema (ONS) teve de desligar praticamente todas as usinas eólicas e solares centralizadas, além de reduzir o uso das hidrelétricas. Sobrou uma margem mínima de manobra, de cerca de 2 gigawatts, para evitar o apagão.

Esse episódio foi mais um alerta ao sistema elétrico brasileiro. Ele mostrou que o crescimento acelerado da MMGD, como está acontecendo hoje, traz riscos reais de segurança e de aumento de custos para todos os consumidores. O sistema elétrico precisa funcionar como uma balança em equilíbrio permanente entre oferta e demanda. Só que, além desse equilíbrio, é necessário manter a tensão, a frequência e a estabilidade da rede. Quando milhões de pequenos geradores injetam energia ao mesmo tempo, sem que o operador tenha visibilidade ou instrumentos de coordenação, a rede fica frágil. É como dirigir um carro em alta velocidade sem freio: qualquer imprevisto pode causar um acidente.

Há quem afirme que os problemas se resolvem apenas com mais linhas de transmissão. Esse é um equívoco perigoso. O episódio recente deixou claro que não basta reforçar a transmissão: mesmo que se construam novas linhas, a MMGD continuará pressionando o sistema, porque ela não oferece ao operador os recursos de estabilidade que as grandes usinas entregam. Além disso, construir infraestrutura de transmissão apenas para absorver a geração distribuída seria economicamente inviável, já que significaria destinar bilhões de reais a obras que não resolvem a raiz do problema. Esse custo, inevitavelmente, acabaria recaindo sobre todos os consumidores, inclusive aqueles que não têm condições de instalar painéis solares.

Portanto, a MMGD, da forma como avança hoje, gera distorções. Ela transfere custos de manutenção e reforço da rede para quem não possui geração própria e, ao mesmo tempo, expõe o sistema a riscos de instabilidade. Isso não é justo nem sustentável. Por isso, precisamos de regras modernas que condicionem a expansão da geração distribuída a critérios técnicos claros, que tragam equilíbrio ao sistema e garantam que os custos sejam arcados de maneira adequada.

O Brasil precisa agir com responsabilidade, para que a transição energética não comprometa a segurança elétrica nem onere ainda mais a conta de luz dos brasileiros. Esse é o debate que precisamos enfrentar com franqueza: o crescimento da MMGD precisa ocorrer dentro de limites que respeitem a rede e a coletividade. Sem isso, corremos o risco de trocar um futuro sustentável por um presente instável e caro.

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