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No mercado de motos elétricas, o preço e a promessa de sustentabilidade são dois fatores que atraem e, ao mesmo tempo, geram dúvidas no consumidor

Para Silvio Rotilli, CEO e cofundador da Auper, é preciso olhar além do valor de compra: a conta deve considerar performance, durabilidade, manutenção e impacto ambiental em todo o ciclo logístico e de vida do veículo. Só assim é possível medir se o elétrico realmente representa economia e responsabilidade socioambiental.

As motos elétricas são mais caras que as motos a combustão?

Depende dos modelos em comparação. Existem no Brasil motos elétricas (desconsiderando a categoria de scooters) a partir de aproximadamente R$16.000,00, com potência de, em média, 3 kW (cerca de 4cv), velocidade máxima de 90 km/h e autonomia de 50 km por bateria (no modo sport).

No entanto, estas motocicletas não têm ganhado o coração dos motociclistas por não atenderem às suas necessidades no dia a dia, sendo insuficiente em performance, qualidade, durabilidade de componentes e confiabilidade. Ao considerarmos motocicletas elétricas que cumprem estes requisitos, os valores encontrados ficam a partir de R$25.900,00, como é o caso da Auper 600 CE Modelo de Base, com 25 kW de potência, velocidade máxima de 140 km/h e autonomia de 100 km (bateria fixa).

A moto mais vendida no Brasil hoje, o modelo CG 160 da Honda, pode ser encontrada no site oficial da marca por a partir de R$19.520,00, sendo adquirida nas concessionárias por valores que podem chegar a R$22.000,00 em média. Isto significa que existem opções elétricas mais em conta no mercado, com performance significativamente inferior, mas, para atender ao que o motociclista brasileiro precisa, as motocicletas elétricas tendem a ter um preço inicial mais elevado por demandarem tecnologia de ponta. Ao mesmo tempo, representam uma economia de custos relevante que, com o tempo, tornam o custo total de propriedade do veículo elétrico menor que do a combustão.

Existem benefícios fiscais para quem compra motos elétricas?

Depende do estado. Em algumas localidades do país, como Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul, motos elétricas são isentas de IPVA. Já em outras, como Mato Grosso do Sul, há desconto de 70% sobre o valor do imposto, ou 75% como acontece no Rio de Janeiro. Há ainda benefícios fiscais que são municipais, e não estaduais. Este é o caso do estado de São Paulo, que não concede nenhum tipo de benefício ou isenção. No entanto, a prefeitura da cidade de São Paulo permite estorno de até 50% da parte municipal do IPVA se o veículo estiver registrado no município.

O governo oferece programas de crédito para a compra de motos elétricas?

Ainda não há iniciativas em vigor. No final de junho de 2025, o Governo Federal anunciou a promessa de um programa de crédito voltado à compra de motocicletas elétricas, com foco nos entregadores de aplicativo. Até o momento, nada concreto foi divulgado.

Motos elétricas são realmente mais sustentáveis? Há alguma controvérsia sobre isso?

Embora as motos elétricas tenham potencial para serem mais sustentáveis, a resposta não é tão simples. Há sim controvérsias, e ignorá-las pode levar a decisões equivocadas, tanto do ponto de vista ambiental quanto estratégico.

Durante o uso, veículos elétricos não emitem gases poluentes e, no caso do Brasil, ainda se beneficiam de uma matriz elétrica majoritariamente limpa. Isso representa uma vantagem real, principalmente nos centros urbanos. Além disso, motores elétricos operam com eficiência muito superior à combustão, reduzindo perdas de energia.

No entanto, a maior parte do impacto ambiental de um veículo ocorre antes mesmo de ele ser ligado pela primeira vez. Cadeias produtivas globais, transporte internacional em navios movidos a combustível fóssil e uso de componentes de baixa durabilidade podem anular, ou até superar, os benefícios ambientais da eletrificação.

Outra controvérsia importante está no modelo de troca de baterias (swap), que é o mais utilizado hoje no Brasil e no mundo. Embora pareça conveniente, exige dezenas ou até centenas de baterias extras em circulação, muitas vezes sem rastreabilidade ou uso otimizado. Isso gera impacto ambiental significativo e transfere ao usuário a responsabilidade de cuidar do componente mais caro e mais sensível do veículo.

A sustentabilidade real não pode se limitar ao motor ou ao tipo de energia usada. Ela precisa ser sistêmica e integrada, considerando desde a origem dos componentes até o destino de cada peça. Por isso, associar “elétrico” automaticamente a “sustentável” é uma simplificação perigosa. É preciso ir além do marketing verde e olhar para a engenharia, a logística e o ciclo completo do produto. Uma vez que estes aspectos são alinhados, motos elétricas podem sim ser sustentáveis.

Qual é a preocupação em relação ao descarte das baterias de motos elétricas?

O descarte de baterias é um ponto extremamente crítico na discussão sobre mobilidade elétrica. As baterias comumente utilizadas em motos elétricas, compostas por íons de lítio, contêm metais pesados como lítio, cobalto e níquel. Quando descartadas incorretamente, essas substâncias podem contaminar o solo, os lençóis freáticos e causar sérios impactos ambientais e à saúde.

No Brasil, a infraestrutura para coleta, rastreabilidade e reciclagem ainda é limitada. Sem uma cadeia bem estruturada, muitas baterias acabam sem destinação adequada, o que compromete seriamente a proposta de sustentabilidade dos veículos elétricos.

Esse desafio é agravado no modelo de troca de baterias (swap), que retira do usuário a propriedade da bateria e transfere a ele apenas a responsabilidade pelo uso. Isso cria uma dinâmica em que ninguém se responsabiliza plenamente pela conservação da bateria, e seu ciclo de vida útil se encurta. Além disso, como as baterias são compartilhadas por múltiplos usuários, elas passam por ciclos intensos e nem sempre ideais de carga e descarga, levando à depreciação acelerada.

O cenário ideal envolve rastreabilidade completa desde a origem, para que elas possam ser recondicionadas, reutilizadas em outras aplicações ou, quando isso não for mais possível, recicladas com segurança em sistemas especializados. Isso exige não apenas tecnologia, mas uma cadeia logística comprometida e regulamentação clara, fatores indispensáveis para que a mobilidade elétrica seja, de fato, uma solução ambiental.

Para mais informações, acesse o site.

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