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MP 1304 Consolida Marco Regulatório para BESS e Expansão do ACL no Setor Elétrico

A Medida Provisória 1304 avança no Congresso, estabelecendo diretrizes cruciais para armazenamento de energia e o Mercado Livre.

A MP 1304 foi aprovada pelo Congresso Nacional, instituindo um novo marco regulatório fundamental para o armazenamento de energia (BESS) e consolidando a abertura do Mercado Livre de Energia (ACL), redefinindo a modernização do setor elétrico brasileiro.

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Visão Geral

O Setor Elétrico brasileiro encerrou uma das mais intensas tramitações legislativas dos últimos anos. Com a aprovação final pelo Congresso Nacional, a MP 1304 (Medida Provisória) seguiu para a sanção presidencial, levando consigo um pacote de medidas estruturantes que redefine o futuro da clean energy generation e do Mercado Livre de Energia (ACL) no país. A MP, que inicialmente focava na reestruturação financeira da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), terminou seu ciclo como um verdadeiro “ônibus regulatório”, carregando inovações tecnológicas e, inevitavelmente, algumas controversas cláusulas fósseis.

A grande notícia para quem atua na Transição Energética é a criação de um marco regulatório sólido para o armazenamento de energia (BESS). Junto a isso, a MP 1304 consolida avanços na abertura do ACL, sinalizando que a modernização do setor elétrico brasileiro passará pela flexibilidade, pela competição e pela redução de custos para o consumidor. A aprovação no Congresso injeta uma dose crucial de segurança jurídica em áreas que dependiam de diretrizes claras para destravar bilhões em investimentos.

O Triunfo da Flexibilidade: O Marco Regulatório do BESS

O Armazenamento de Energia (BESS) é o divisor de águas da MP 1304. O texto aprovado, que será convertido em lei, reconhece o papel estratégico dos sistemas de baterias para a estabilidade do Setor Elétrico. Ao permitir que o BESS seja classificado e remunerado em diferentes elos da cadeia — geração de energia, transmissão de energia ou distribuição de energia —, a MP abre a porta para a energia solar e a eólica operarem com máxima performance.

O principal benefício do BESS é resolver a intermitência da clean energy generation. Ele permite que a energia produzida em excesso (como o sol do meio-dia ou o vento noturno) seja guardada e injetada na rede quando a demanda é alta. Essa capacidade de manejo de carga reduz a necessidade de despacho de térmicas a gás e a diesel em horários de pico, sendo uma medida estruturante para a Modicidade Tarifária e a sustentabilidade ambiental.

A MP 1304 exige que a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) agora estabeleça em detalhes as regras de comercialização e remuneração do armazenamento de energia. O Congresso forneceu o arcabouço; cabe à ANEEL definir a metodologia para que o investimento em BESS seja atrativo e cumpra o seu papel estratégico de apoio à infraestrutura. A expectativa do mercado é por uma regulamentação ágil e que estimule a inovação.

ACL Sem Volta: A Consolidação do Mercado Livre

A expansão do Mercado Livre de Energia (ACL) recebeu um impulso significativo com a aprovação da MP 1304. O texto final reforça a agenda de abertura, que já permite a migração de todos os consumidores de alta tensão e avança para a migração de consumo de baixa tensão. A filosofia é simples: maior competição leva à redução de custos.

A MP 1304 estabelece diretrizes mais claras para a comercialização de energia no ACL, aumentando a Segurança Jurídica para os contratos de energia de longo prazo. Com regras estáveis, geradores de clean energy generation e comercializadoras se sentem mais seguros para fechar PPAs (Power Purchase Agreements), oferecendo preços mais competitivos do que a tarifa regulada.

O ACL é o principal motor de escoamento para novos investimentos em usinas eólicas e solares. A aprovação da MP garante que o ritmo de crescimento do mercado livre continuará acelerado, fundamental para que a clean energy generation mantenha sua liderança na expansão da matriz elétrica. A MP 1304 consolida o entendimento de que a modernização do setor elétrico é sinônimo de mercado livre.

A Dicotomia do Congresso: O Custo da Prorrogação para Carvão

Nenhuma Medida Provisória complexa é aprovada sem controvérsias, e a MP 1304 carrega o peso de um compromisso político caro: a prorrogação para carvão. O Congresso manteve a emenda que garante a extensão do subsídio e o funcionamento de térmicas a carvão mineral (fonte altamente poluente) até 2040.

A manutenção da prorrogação para carvão é vista pela ala da clean energy generation como um retrocesso na sustentabilidade e um alto encargo sobre a CDE. Esse subsídio onera a tarifa de todos os consumidores e desequilibra a competição no mercado, favorecendo uma fonte de energia que deveria estar em fase de desativação, na contramão dos compromissos climáticos internacionais.

No entanto, o Congresso demonstrou cautela ao retirar a cobrança antecipada para os novos entrantes da GD (Geração Distribuída) que havia sido proposta em uma das fases da tramitação. Essa vitória da Segurança Jurídica protegeu o Marco Legal da GD (Lei 14.300/2022) e garantiu que o cronograma de taxação do Fio B fosse mantido, evitando um choque no segmento de energia solar distribuída e preservando o investimento privado.

A Estrutura Financeira: Encargos e CDE

O objetivo inicial da MP 1304 era tratar da gestão financeira da CDE, o fundo que banca grande parte dos encargos e subsídios do Setor Elétrico. O texto aprovado introduz mecanismos para garantir maior transparência na alocação de recursos e para equacionar dívidas e obrigações antigas, melhorando a saúde financeira do sistema.

Embora a MP 1304 tenha conseguido estabilizar alguns passivos, a manutenção da prorrogação para carvão garante que o custo total da CDE continuará alto, limitando o potencial de redução de custos para os consumidores no curto prazo. O desafio da modernização do setor elétrico é justamente encontrar o equilíbrio entre garantir a segurança energética e evitar que novos encargos onerosos sejam criados.

O monitoramento da CDE e dos encargos que financiam o sistema continuará sendo o ponto nevrálgico do Setor Elétrico. A MP 1304 fornece as ferramentas para maior controle, mas a eficiência dependerá da fiscalização rigorosa da ANEEL e do Ministério de Minas e Energia.

Próximos Passos: Sanção Presidencial e o Papel da ANEEL

Com a aprovação do Congresso, o texto final da MP 1304 segue para a sanção do Presidente da República. O Setor Elétrico estará atento a possíveis vetos, especialmente aqueles que visam a prorrogação para carvão, por sua clara contradição com a agenda de sustentabilidade. Contudo, o texto é resultado de um intenso acordo político, o que torna vetos parciais mais prováveis do que um veto integral.

Uma vez sancionada, a MP 1304 se transforma em lei ordinária, e o foco se desloca para a ANEEL. A agência reguladora terá a tarefa complexa de regulamentar os novos dispositivos:

  1. Regras do BESS: Como o armazenamento de energia será conectado e remunerado em cada nível de tensão.
  2. Expansão do ACL: Detalhamento das regras de migração para o consumidor de baixa tensão.
  3. Fiscalização da CDE: Estabelecer mecanismos de transparência para os novos fundos e encargos.

A aprovação da MP 1304 pelo Congresso é, inegavelmente, um passo à frente na modernização do setor elétrico. Ao priorizar o BESS e o ACL, o Brasil sinaliza que abraça a Transição Energética e a competição. A Segurança Jurídica foi reforçada em áreas-chave de clean energy generation, garantindo que o investimento e a redução de custos continuem guiando o futuro da energia brasileira. O legado da MP 1304 será medido pela capacidade da ANEEL de transformar o marco regulatório em realidade operacional, livre dos ônus do passado.

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