IEA Alerta para Riscos Sistêmicos e Tarifários da Expansão da Geração Distribuída no Brasil Política by Portal Meus Investimentos - 13 de novembro de 2025 A Agência Internacional de Energia aponta a necessidade urgente de modernização regulatória e tarifária frente ao crescimento acelerado da GD. A Geração Distribuída (GD), impulsionada pela energia solar, é um sucesso no Brasil, mas a IEA alerta que seu crescimento descontrolado pode gerar repercussões graves no sistema de energia nacional se não houver modernização regulatória e ajuste nos subsídios. Conteúdo O Paradoxo do Sucesso Descontrolado da Geração Distribuída O Alerta da IEA: Risco Operacional e Financeiro da GD O Nó Cego da Estabilidade Operacional e a Rede Elétrica A Bomba-Relógio dos Subsídios e Custos do Fio A Resposta Regulatória e a Agenda da ANEEL A Solução Técnica: Armazenamento de Energia e Flexibilidade Visão Geral O Paradoxo do Sucesso Descontrolado da Geração Distribuída O crescimento da Geração Distribuída no Brasil, que já ultrapassou 35 GW de capacidade instalada, é um fenômeno notável. Milhões de brasileiros e empresas reduziram suas contas de luz e contribuíram para a descarbonização. A IEA reconhece esse ímpeto, mas alerta que a velocidade da expansão superou a capacidade do arcabouço regulatório e, mais importante, da rede elétrica de distribuição de absorver essa nova realidade. O sucesso da GD é impulsionado, em grande parte, pelos subsídios e pela isenção de custos no uso da rede (o famoso custo do fio) para a energia injetada. Essa assimetria cria um desequilíbrio: os custos de manutenção da rede elétrica são socializados, mas os benefícios são concentrados. Para a IEA, essa estrutura é insustentável a longo prazo e é a principal fonte das repercussões graves. O Alerta da IEA: Risco Operacional e Financeiro da GD A IEA categoriza os riscos da Geração Distribuída em duas áreas críticas que afetam o sistema de energia nacional. O primeiro é a segurança energética e a estabilidade da rede. A alta penetração de energia solar, por ser intermitente e não controlável pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), causa flutuações de tensão e problemas de qualidade de energia nas linhas de distribuição. O segundo risco, e talvez o mais corrosivo, é o impacto financeiro. Os subsídios e a compensação integral (Net Metering), mesmo com as revisões da Lei 14.300, ainda representam um encargo bilionário que recai sobre todos os demais consumidores. A IEA sinaliza que esses custos do fio não recuperados aumentam a tarifa dos consumidores cativos, criando um círculo vicioso de desigualdade e insatisfação. O Nó Cego da Estabilidade Operacional e a Rede Elétrica Para o especialista, as repercussões graves operacionais são a maior preocupação. A rede de distribuição foi projetada para um fluxo unidirecional: da subestação para o consumidor. A GD introduz um fluxo bidirecional e intermitente. O excesso de injeção de energia solar em horários de pico de irradiação pode elevar a tensão da rede além dos limites técnicos. A falta de smart grids (redes inteligentes) e de visibilidade completa dos milhares de pontos de Geração Distribuída impede que as concessionárias de Distribuição de Energia e o ONS gerenciem a rede de forma proativa. O resultado é um aumento no risco de falhas, desligamentos e deterioração da qualidade de energia, o que impacta toda a indústria e a economia. A IEA enfatiza que a infraestrutura precisa alcançar a velocidade da geração. A Bomba-Relógio dos Subsídios e Custos do Fio O custo dos subsídios e a forma como a GD utiliza a rede sem pagar integralmente pelos serviços são o motor das repercussões graves financeiras. O custo do uso da rede elétrica (TUSD/TUST) não é pequeno e inclui investimentos em expansão, manutenção e a cobertura das perdas. Quando a Geração Distribuída não paga integralmente por esses custos do fio ao injetar sua energia limpa, essa despesa precisa ser coberta. Ela é, então, transferida para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) ou para a tarifa dos demais consumidores. A IEA aponta que essa transferência de custos distorce o mercado, freia a modicidade tarifária e penaliza quem não pode gerar a própria energia. O desafio da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) é criar uma tarifa que reflita o custo real da infraestrutura e dos serviços, sem matar o investimento em energia renovável. A manutenção de um sistema ineficiente para bancar os subsídios não é um caminho de sustentabilidade. A Resposta Regulatória e a Agenda da ANEEL A Lei 14.300 (Marco Legal da GD) foi um passo inicial para mitigar os riscos, ao criar regras de transição para o pagamento dos custos do fio por novos projetos. Contudo, o ritmo da GD exige mais celeridade da ANEEL na regulamentação complementar. A Agência precisa avançar rapidamente na modernização tarifária, implementando tarifas que variem por horário e, idealmente, por localização (tarifas locacionais). Isso enviaria o sinal econômico correto para os investidores, incentivando a instalação de energia solar em locais onde a rede tem capacidade e desincentivando o investimento onde há congestionamento ou risco de sobretensão, conforme sugerido pela IEA. A ANEEL também tem a responsabilidade de garantir que a rede elétrica de Distribuição de Energia seja modernizada. O custo da modernização precisa ser transparente, mas é um investimento fundamental para evitar as repercussões graves operacionais citadas no alerta da IEA. A Solução Técnica: Armazenamento de Energia e Flexibilidade Para o mercado de energia limpa e renovável, a solução técnica para a volatilidade da GD passa pelo Armazenamento de Energia (BESS – Battery Energy Storage Systems). Os BESS podem absorver o excesso de energia solar nos horários de pico de geração e injetá-lo na rede quando a tarifa é mais alta ou a demanda é maior. A IEA defende que o Brasil deve incentivar a adoção de Armazenamento de Energia acoplado à Geração Distribuída. Isso não só estabiliza a tensão da rede como também aumenta o valor da energia renovável despachável, aliviando o estresse sobre o sistema de energia e reduzindo a necessidade de subsídios indiretos. O papel do Setor Elétrico agora é criar um ambiente regulatório e de mercado que remunere a flexibilidade. O Armazenamento de Energia é o motor que transforma a intermitência da GD em segurança para o sistema de energia. Visão Geral O alerta da IEA sobre as repercussões graves é um chamado de atenção para que o Brasil não permita que o sucesso da Geração Distribuída se torne um passivo sistêmico. O problema não está na energia limpa e renovável, mas na forma como o sistema de energia e suas tarifas estão estruturados. A sustentabilidade da GD depende da eliminação gradual dos subsídios e da plena incorporação dos custos do fio de maneira justa e transparente. ANEEL, ONS e Setor Elétrico precisam acelerar a modernização tarifária e incentivar tecnologias como o Armazenamento de Energia. Somente assim o Brasil garantirá que a Geração Distribuída continue a ser uma força de clean energy e desenvolvimento, sem comprometer a segurança energética de toda a nação. O custo da inação será arcado por todos os consumidores de energia elétrica. Veja tudo de ” IEA Alerta para Riscos Sistêmicos e Tarifários da Expansão da Geração Distribuída no Brasil ” em: Portal Energia Limpa. Compartilhe isso: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+ Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram Mais Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir Relacionado