Por Felipe Martinelli, Head de Transição Energética da Arcadis

O debate sobre transição energética deixou de ser restrito a especialistas. Hoje, está no centro da estratégia de governos e empresas que buscam crescimento econômico aliado à redução de emissões.

Hidrogênio verde como motor da descarbonização

No mundo, o hidrogênio de baixo carbono já é considerado peça-chave para reduzir emissões em setores de difícil abatimento, como mineração, siderurgia, transporte pesado, fertilizantes, entre outros. Além de substituir combustíveis fósseis, ele integra diferentes fontes renováveis, funcionando como elo entre eletricidade, combustíveis e insumos industriais.

Ao olhar para o Brasil, esse potencial ganha ainda mais força. Com uma matriz elétrica limpa, abundância em energia solar e eólica e sistema de transmissão nacional integrado, o país reúne condições únicas para produzir hidrogênio verde em escala competitiva, abastecendo o mercado interno e, principalmente, exportando energia limpa em forma de moléculas.

Desafios para transformar potencial em realidade

O caminho, contudo, exige superar desafios técnicos e regulatórios. Produzir hidrogênio verde depende da integração entre geração renovável, disponibilidade de água, transporte e armazenamento seguro. É preciso avançar em marcos regulatórios que deem previsibilidade, atraiam investimentos e assegurem a competitividade internacional do Brasil.

Outro ponto crucial é a colaboração entre os diversos atores do setor para que os projetos avancem para decisão final de investimento. A união de forças entre os desenvolvedores de projetos, provedores de infraestrutura, apoio das políticas públicas e modelos de financiamento inovadores é a peça chave para o destravamento dos projetos de hidrogênio verde e alavancar a econômica de baixo carbono.

Mineração sustentável e descarbonização: o exemplo da Hydro no Pará

A mineradora Hydro, uma das maiores produtoras de alumínio do mundo, é um exemplo concreto de como a descarbonização pode transformar operações industriais no Brasil. No estado do Pará, a empresa implementou o projeto Fuel Switch (mudança de combustível) na refinaria de alumina Alunorte, com apoio da Arcadis.

A iniciativa substituiu o uso de óleo combustível por gás natural em calcinadores e caldeiras, resultando em uma redução projetada de cerca de 700 mil toneladas de CO₂ por ano — o equivalente a 30% das emissões da planta até 2030. (Saiba mais neste LINK )

O papel da Arcadis

Na Arcadis, entendemos que o hidrogênio verde só se consolida quando integrado a uma visão sistêmica. Projetos de descarbonização industrial que conduzimos em diferentes setores — de mineração e energia a indústria e infraestrutura — mostram que resultados efetivos dependem da combinação entre engenharia, inovação e sustentabilidade.

Essa abordagem também está no centro da nossa visão de Mineração Sustentável, estruturada em três pilares:

* Mineração preparada para o futuro — eficiência, inovação e redução de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa).
* Conservação da biodiversidade — regeneração de ecossistemas e soluções baseadas na natureza.
* Legado social — oportunidades sustentáveis para comunidades e próximas gerações.

O hidrogênio verde é um aliado direto dessa estratégia, acelerando a transformação do setor mineral e fortalecendo a competitividade internacional do Brasil.

Além disso, setores de infraestrutura e transportes poderão se beneficiar da integração do hidrogênio com a rede elétrica, abrindo espaço para soluções inovadoras em mobilidade e logística.

Liderança compartilhada para acelerar o futuro

O hidrogênio verde não é solução isolada. Ele faz parte de um ecossistema de transição energética que só avança com colaboração entre governo, empresas, academia e sociedade.

O Brasil tem uma oportunidade histórica: usar sua matriz limpa, sua posição estratégica e a expertise de parceiros globais para liderar a economia de baixo carbono. Se avançarmos em marcos regulatórios, inovação tecnológica e projetos sustentáveis, o hidrogênio verde poderá se tornar um pilar da transição energética — e um diferencial competitivo para o país nas próximas décadas.

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