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Fundação Getúlio Vargas Apresenta Análise Detalhada sobre a Estrutura de Custos da Tarifa de Gás Natural no Brasil

FGV revela que o custo da molécula, e não o transporte, é o fator dominante na composição tarifária do gás natural.

Este estudo inédito da FGV direciona o debate regulatório para a competitividade do suprimento da commodity energética, com profundas implicações para a indústria e a geração termelétrica.

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A Fundação Getúlio Vargas FGV acaba de entregar um raio-x inédito sobre a formação da tarifa de gás natural no Brasil, fornecendo dados cruciais para o setor de energia, especialmente para a geração termoelétrica. A principal revelação do estudo, que analisou a estrutura de custos para a indústria, é que o fator que mais pesa no preço final é a molécula em si, e não o custo logístico associado ao transporte.

Este achado contraria uma percepção comum no mercado, que frequentemente aponta a infraestrutura de gasodutos como o grande vilão da competitividade do gás. Para os profissionais de energia, que buscam otimizar os custos da commodity para a geração de energia, essa informação tem implicações diretas na estratégia de suprimentos.

O Peso da Molécula: Uma Análise da Composição Tarifária

O estudo da FGV desmonta a tarifa de gás natural, expondo a proporção de cada componente, desde a extração até a entrega ao consumidor final. O foco na indústria é estratégico, pois este segmento é um dos maiores consumidores e mais sensíveis a variações de preço.

A principal conclusão é que, em diversas regiões do País, a molécula, ou seja, o custo de produção e/ou importação do gás, representa mais da metade do preço final pago pela indústria. Isso coloca o debate regulatório em uma nova direção: a prioridade deve ser garantir a competitividade e a oferta da commodity (upstream), em vez de focar excessivamente nos midstream (o transporte).

Fontes ligadas ao estudo, como o Valor Econômico, confirmam que, para o consumidor industrial de maior porte, o preço da molécula é, “disparado, o principal” componente do custo total. Este dado reforça a importância da abertura do mercado de gás, visando a introdução de mais players produtores e traders.

Transporte: Menos Peso Proporcional, Maior Necessidade de Investimento

Embora a FGV aponte o peso reduzido do transporte na composição final da tarifa, isso não significa que o custo logístico seja baixo ou irrelevante. Pelo contrário, a infraestrutura de gasodutos exige CAPEX monumental e é vital para a segurança energética do País.

O que a análise sugere é uma questão de proporção. O alto custo de aquisição do gás, muitas vezes atrelado a contratos internacionais e à valorização do dólar, ofusca a margem de transporte na estrutura final. Para o setor de energia, que utiliza o gás como fonte de flexibilidade e segurança, focar apenas na redução dos tolls (pedágios de gasoduto) pode não trazer o alívio tarifário esperado.

A complexidade regional também foi evidenciada. A FGV observou variações significativas, com o peso da molécula sendo menor em regiões com maior densidade de pipelines ou com acesso facilitado à produção nacional (como o Pré-Sal). Em contrapartida, regiões mais isoladas ou dependentes de importação veem o custo logístico ganhar mais espaço, embora a molécula ainda mantenha a liderança.

Implicações para a Geração de Energia

Para o setor elétrico, esta revelação é um divisor de águas. A geração de energia a gás (termoelétricas) é altamente sensível ao preço do suprimento. Se mais da metade do preço do gás está ligada à molécula, a estratégia de suprimento deve priorizar a diversificação das fontes de gás (nacionalização da produção) e contratos de longo prazo com pricing favorável.

A Lei do Gás (Lei nº 14.134/21) visa justamente criar um ambiente competitivo para reduzir o custo da commodity. O estudo da FGV serve como um endosso técnico à urgência dessa agenda. Um mercado mais aberto na produção diminuirá o poder de barganha de um único supridor e tenderá a achatar os preços da molécula.

O Fator Tributário e o Desafio da Competitividade

É importante notar que o raio-x da FGV também deve destacar a carga tributária, um fator que, somado ao custo da molécula, compõe a maior fatia do preço final, superando o transporte e a distribuição.

Para a indústria e, por consequência, para a geração que consome gás, a desoneração ou a simplificação da tributação interfederativa sobre o GNL ou o gás canalizado é uma alavanca poderosa para a redução imediata do custo final.

Visão Geral

Em síntese, o raio-x inédito da FGV oferece uma leitura clara: o debate sobre o preço do gás no Brasil deve migrar do foco exclusivo na infraestrutura (o transporte) para a verdadeira desverticalização e competitividade no suprimento da molécula. Para os profissionais de energia e sustentabilidade, entender essa estrutura é essencial para planejar o papel do gás como combustível de transição eficiente.

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