Fintechs, Crime Organizado e o Papel do Compliance Economia by Portal Meus Investimentos - 15 de outubro de 2025 Publicidade As fintechs, instituições de pagamento e provedores de serviços de pagamento revolucionaram a inclusão e reduziram custos. As fintechs, instituições de pagamento e provedores de serviços de pagamento revolucionaram a inclusão e reduziram custos. No último mês, uma investigação da Polícia Federal (PF) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apurou que, entre agosto de 2024 e agosto de 2025, sete instituições de pagamento (IPs) movimentaram R$ 94 bilhões, a maior parte em operações atípicas ou suspeitas de ligação com o crime organizado. Essa operação colocou as fintechs sob escrutínio, levando a um endurecimento das regras pelo Banco Central. No mesmo período, grupos de hackers atacaram bancos e instituições de pagamento usando fintechs e o Pix, furtando pelo menos R$ 1,8 bilhão. Os hackers exploraram vulnerabilidades do sistema ou subornaram funcionários para acessar senhas de empresas de tecnologia que fornecem serviços para conectar bancos e instituições de pagamento ao sistema Pix. Em resposta, o Banco Central limitou em R$ 15 mil o valor de TED e Pix para instituições de pagamento não autorizadas e para as que se conectam à Rede do Sistema Financeiro Nacional via Prestadores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTI). Nos últimos anos, as fintechs, instituições de pagamento e provedores de serviços de pagamento instantâneo revolucionaram a inclusão e reduziram custos para consumidores e empresas. No entanto, a mesma agilidade que permite transferências em segundos e a popularização de carteiras digitais também abriram espaço para novas formas de ocultação de recursos ilícitos, já que o crime organizado está sempre em busca de novas oportunidades. O crime organizado tem utilizado fintechs e micropagamentos para pulverizar valores, fragmentar fluxos e aumentar a complexidade do rastreamento, ampliando as vulnerabilidades já observadas nos off-ramps (serviço que permite converter criptoativos em moeda fiduciária, como reais, dólares ou euros) de criptoativos. O país que virou laboratório O Brasil se tornou um dos maiores laboratórios de inovação financeira do mundo. Os maiores IPOs de empresas brasileiras nos EUA na última década foram de três fintechs. Segundo o Banco Central do Brasil (2023), mais de 1.200 fintechs operavam no país, cobrindo serviços de crédito, pagamento, investimento e seguros. O Pix, lançado em 2020, consolidou-se como ferramenta central desse ecossistema, registrando mais de 42 bilhões de transações em 2023, equivalentes a quase um terço de todas as operações de varejo. Esse crescimento é positivo para a inclusão financeira, mas gera desafios para os supervisores. A velocidade das transações e a pulverização em milhões de contas digitais criam oportunidades para práticas típicas de lavagem de dinheiro, e é por isso que as regras do Pix estão se tornando mais rígidas para as Instituições de Pagamento (IPs). Essa regulamentação é necessária para coibir e desestimular atividades ilícitas, sem engessar a inovação. O ecossistema de fintechs ainda está em seus primeiros momentos, e a maior parte das falhas de compliance se deve à pouca experiência dos novos atores. Essas empresas são pequenas em comparação com os bancos. A maior fintech do Brasil, o Nubank, tinha 5 milhões de clientes em 2018, enquanto o Itaú contava com 70 milhões. Atualmente, a maior fintech brasileira possui 107 milhões de clientes no Brasil e cerca de 119 milhões de clientes no total de países onde atua, com um valor de mercado de US$ 72,1 bilhões, superando o Itaú, que possui um valor de mercado de US$ 68,52 bilhões. Essa fintech, criada em 2013, ultrapassou o gigante Itaú em valor de mercado em apenas 12 anos. Boa parte das fintechs ainda opera no vermelho, e apenas 20% faturam acima de 10 milhões de reais por ano. O maior desafio das fintechs é conquistar a confiança das pessoas, assim como Google, Amazon, Facebook e Apple fizeram no início de suas atividades, o que amplia a necessidade do aprimoramento das regras de compliance e a ampliação da transparência nos seus números. Como toda inovação, a revolução financeira é descentralizada e acontece de forma imprevisível. Para ser uma instituição financeira, é necessário seguir uma infinidade de regras que garantam a segurança do sistema. As fintechs ainda não são bancos, mas os bancos estão abertos a inovações. Os bancos estão em constante transformação. Nas companhias bancárias tradicionais, há a percepção de que muito precisa ser feito: apenas um quarto das instituições financeiras acredita estar em um processo avançado de transformação. Desde 2016, o celular é o meio favorito dos brasileiros para fazer transações financeiras, o que implica na redução do número de agências bancárias, representando uma grande oportunidade para as fintechs, que precisam investir muito na segurança e transparência de suas operações. Grande ataque hacker Em dezembro de 2024, surgiu o primeiro grande ataque hacker explorando vulnerabilidades de empresas de tecnologia que ligavam instituições de pagamento ao Pix. O último aconteceu no dia 29 de agosto e envolveu a infraestrutura da Sinqia, outra PSTI, desviando até R$ 710 milhões. Desse total, R$ 589 milhões foram bloqueados com sucesso pelo Banco Central. Ao todo, foram desviados R$ 669 milhões das contas do banco HSBC e R$ 41 milhões da Artta, uma sociedade de crédito direto. A Inteligência Artificial (IA) deve ampliar a sua presença nesse processo de compliance, visto que a gestão de riscos é uma área crucial nas finanças. Utilizando algoritmos avançados, as instituições financeiras podem identificar e mitigar riscos de forma mais eficiente. Isso inclui a detecção de fraudes, a análise de crédito e a avaliação de riscos de mercado. A detecção de fraudes é uma das áreas onde a IA tem mostrado um impacto significativo. Algoritmos de aprendizado de máquina podem analisar transações em tempo real e identificar atividades suspeitas com alta precisão. Esses modelos são treinados para reconhecer padrões que indicam fraude, permitindo que as instituições financeiras tomem medidas preventivas rapidamente. A IA também está transformando a análise de crédito. Algoritmos de aprendizado de máquina podem avaliar a solvência de empresas e indivíduos com maior precisão do que os métodos tradicionais. Esses modelos consideram uma ampla gama de fatores, incluindo histórico de crédito, comportamento de pagamento e até mesmo dados de mídias sociais, para determinar a probabilidade de inadimplência. A IA pode ajudar a mitigar os riscos de mercado através da análise de grandes volumes de dados de mercado e a identificação de tendências e anomalias. Por exemplo, modelos de aprendizado profundo podem ser utilizados para prever a volatilidade do mercado e ajustar as estratégias de investimento de acordo. Existem várias ferramentas e técnicas de IA que podem ser utilizadas para gestão de riscos, incluindo: Análise Preditiva, Processamento de Linguagem Natural (NLP) e Redes Bayesianas. Diversas instituições financeiras têm utilizado IA com sucesso para gestão de riscos. Por exemplo, o JPMorgan Chase utiliza algoritmos de aprendizado de máquina para detectar fraudes em transações de cartão de crédito. É fundamental separarmos o joio do trigo, pois novas instituições sem o amadurecimento das suas regras e procedimentos de compliance tendem a ficar de fora desse jogo, onde o risco é gigante para todas as partes. Visão Geral As fintechs trouxeram inovação e inclusão financeira, mas também desafios relacionados a crimes financeiros e segurança. A regulamentação e o uso de tecnologias como a IA são cruciais para equilibrar inovação e segurança no setor financeiro. Créditos: Charles Machado Veja tudo de ” Fintechs, Crime Organizado e o Papel do Compliance ” em: Portal Energia Limpa. Compartilhe isso: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+ Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram Mais Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir Relacionado