Crise climática exige ação política e coragem moral da filantropia, defendem especialistas no Fórum de Filantropos Energia Limpa by Portal Meus Investimentos - 2 de outubro de 2025 O painel “Esperançar em tempos de mudanças climáticas” abriu os debates temáticos da 14ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), com um chamado claro: a crise climática já está em curso — e é preciso agir com coragem moral, rigor técnico e intencionalidade política. A COP30 como Plataforma de Ação Alice Amorim, diretora da Presidência da COP30, destacou o papel da próxima conferência climática da ONU como uma oportunidade real de transformar compromissos globais em ações locais. “Nas últimas 30 COPs, avançamos na regulação. Agora, precisamos avançar na implementação. E para isso não é necessário que os 196 países estejam de acordo em tudo”, afirmou. Segundo ela, a COP30 se estrutura em três grandes eixos: fortalecimento do multilateralismo, aproximação do tema climático à vida das pessoas, e ativação da agenda de ação, espaço que deve reunir governos, empresas e filantropia para tirar soluções do papel. Alice também alertou sobre o esgotamento do paradigma de que a mudança climática é um problema das futuras gerações. “Estamos vivendo o colapso agora. A Amazônia, por exemplo, é um dos pontos de não retorno. A alteração do ecossistema já em curso pode ser irreversível”, disse. Em áreas como saúde e educação, os impactos já se mostram brutais. “Como garantir qualidade de ensino com ondas de calor extremo nas escolas públicas? Como entregar medicamentos em comunidades isoladas da Amazônia durante secas severas? A filantropia precisa incorporar o clima como eixo transversal de atuação.” Justiça Climática e Desigualdade Social Essa conexão entre clima e desigualdade foi o centro da fala de Viviana Santiago, diretora-executiva da Oxfam Brasil, que destacou que a justiça climática exige o enfrentamento das estruturas de opressão que organizam a sociedade. “Os desastres não afetam a todos igualmente. Somos uma sociedade racialmente desigual. E os dados mostram: no Rio Grande do Sul, pessoas negras receberam menos ajuda humanitária do que pessoas brancas”, afirmou. Para ela, não é possível proteger o meio ambiente sem proteger os modos de vida tradicionais, as culturas religiosas marginalizadas e os territórios vulnerabilizados. “Se não combatemos o racismo religioso, por exemplo, também deixamos de enfrentar a crise climática.” Viviana também provocou o setor filantrópico: “Esperançar é assumir responsabilidade. A filantropia precisa ter a coragem de apontar quem tem poluído, quem tem acumulado riqueza à custa do colapso climático. Modos de vida baseados no luxo são modos de vida poluidores. E quem sustenta esses modos de vida precisa ser responsabilizado.” Do Modelo Reativo ao Proativo na Filantropia Patricia McIlreavy, presidente e CEO do Center for Disaster Philanthropy, trouxe a perspectiva global e lembrou que os desastres climáticos se tornaram o “novo normal”. “Não estamos mais falando de eventos raros. Enchentes, queimadas e ondas de calor são constantes — e recaem de forma desproporcional sobre as comunidades vulneráveis”, disse. Ela defendeu uma virada no modelo de financiamento filantrópico, passando do modelo reativo para o proativo, com confiança e investimento direto em soluções desenhadas pelas próprias comunidades. “Desastre é quando um perigo encontra uma vulnerabilidade. A pobreza, o racismo, o subfinanciamento da saúde criam essas vulnerabilidades. E a recuperação leva muito mais tempo do que os ciclos de atenção da mídia e dos financiadores.” Ao final, o painel deixou claro que esperançar, no contexto climático, é agir com intenção, reconhecer desigualdades históricas e fortalecer o protagonismo de quem já constrói soluções na ponta. A filantropia, mais do que um agente de financiamento, é chamada a ser um megafone político, capaz de denunciar injustiças e construir futuros com equidade e dignidade. Veja tudo de ” Crise climática exige ação política e coragem moral da filantropia, defendem especialistas no Fórum de Filantropos ” em: Portal Energia Limpa. Compartilhe isso: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+ Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram Mais Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir Relacionado