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Copa de 2026 pode ser a última em seu formato atual sem ação climática urgente, alerta estudo inédito

Estudo inédito mostra que 10 dos 16 estádios da próxima Copa já ultrapassam os limites seguros de calor para a prática do futebol. Jogadores como Juan Mata e Serge Gnabry alertam para ameaças ao futuro do esporte.

A Copa do Mundo Masculina da FIFA de 2026, marcada para os Estados Unidos, Canadá e México, poderá ser a última em seu formato atual, sem adaptações significativas aos riscos climáticos crescentes. O alerta vem de um novo relatório publicado nesta terça-feira (3), que analisa os riscos crescentes enfrentados pelo futebol profissional e amador diante do avanço do aquecimento global.

O estudo, intitulado “Pitches in Peril” (ou “Campos em Perigo”) ocorre após um verão com temperaturas recorde, que fizeram com que as condições da Copa do Mundo de Clubes fossem descritas como “impossíveis” pelos jogadores, com especialistas solicitando partidas começando às 9h para a Copa de 2026, a fim de evitar o pior do calor.

Elaborado pelas organizações Football for Future e Common Goal, em parceria com a empresa de análises climáticas e resiliência Jupiter Intelligence, o relatório apresenta a primeira avaliação de risco climático alinhada ao IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) para todos os estádios da Copa de 2026, bem como para os da edição de 2030 e 2034 — além de campos de base onde estrelas como Messi, Ronaldo e Salah deram seus primeiros passos.

Principais Conclusões

  • Estádios sob ameaça: 10 dos 16 estádios que vão receber jogos em 2026 já ultrapassam os limites climáticos seguros para a prática esportiva.
  • Calor extremo como novo normal: Até 2050, quase 90% dos estádios da América do Norte precisarão de adaptações para enfrentar calor extremo.
  • Futebol comunitário mais afetado: todos os campos de base analisados já estão expostos a múltiplos riscos climáticos, com dois terços dos campos ligados à infância de jogadores como Messi, Ronaldo, Salah e Mbappé ultrapassando os limites seguros de calor até 2050.
  • Desigualdade climática: no Sul Global — que historicamente emitiu menos gases de efeito estufa e tem menos recursos de adaptação — os campos enfrentam, em média, sete vezes mais dias de calor impraticável do que no Norte Global.

Demanda dos torcedores por ação

Pesquisa com 3.600 torcedores revela forte demanda por liderança climática:

  • 91% dizem que a Copa do Mundo deve ser um modelo global de sustentabilidade.
  • 91% afirmam que ficariam orgulhosos se seu clube adotasse ações climáticas.
  • 86% acreditam que clubes e entidades devem manifestar-se sobre a crise climática.

Apelo dos jogadores por ação

Diante dos dados, jogadores renomados se manifestaram publicamente, destacando a urgência de proteger o futebol da escalada climática.

Mark McKenzie, defensor da Seleção Masculina dos EUA e do Toulouse FC, disse:

“Como jogador, o ápice do esporte é representar seu país numa Copa do Mundo, especialmente em casa. O torneio do próximo ano será o maior já realizado e, com isso, vem a oportunidade de torná-lo a maior celebração esportiva do ponto de vista da sustentabilidade. Este relatório pode servir como ponto de virada para o futebol assumir seu potencial como catalisador da ação climática.”

Juan Mata, vencedor da Copa do Mundo de 2010, disse:

“Como alguém da Espanha, não posso ignorar a realidade da crise climática. Estamos vendo isso com mais clareza do que nunca, de ondas de calor recordes a inundações como as que ocorreram em Valência. O futebol sempre uniu as pessoas, mas agora também serve de lembrete do que podemos perder se não agirmos. Todos temos papel nessa luta, por nossas comunidades hoje e pelas gerações futuras.”

Serge Gnabry, da seleção alemã e do Bayern de Munique, disse:

“Como alguém com raízes na Alemanha e na Costa do Marfim, sinto uma profunda responsabilidade de promover mudanças em ambos os lugares. Em Abidjan, o Safe-Hub deve ser um espaço seguro para os jovens — um campo de futebol que oferece alegria, comunidade e oportunidade. Mas a crise climática está impactando fortemente. O relatório deixa claro que as temperaturas crescentes e eventos climáticos extremos estão ameaçando a segurança dos jovens nos jogos. Por isso precisamos nos unir para proteger espaços como esse e garantir que toda criança cresça em um ambiente seguro e saudável.”

Jessie Fleming, capitã da seleção canadense e meio-campista do Portland Thorns, disse:

“É assustador pensar que quase todos os estádios da Copa do Mundo enfrentarão condições inseguras até 2050. Já joguei em muitas dessas cidades e este relatório mostra o quanto o jogo está mudando — precisamos nos adaptar agora se queremos proteger o futuro do futebol. É de partir o coração que os campos nos lugares com menos responsabilidade pelas emissões sejam os mais afetados. Os campos comunitários são onde crescemos como pessoas e como sociedade. O futebol precisa defender essas comunidades.”

Alexei Rojas, goleiro do Arsenal e da seleção colombiana, disse:

“A sustentabilidade e o desenvolvimento do futebol são cruciais para a longevidade do nosso esporte amado. O fato de que dois terços dos campos comunitários — onde os futuros ícones cresceram jogando — ultrapassarão os limites seguros de calor até 2050, mostra que precisamos agir agora para minimizar os efeitos da mudança climática. Isso afetará não só o estado atual do esporte, como também as próximas gerações — possíveis lendas futuras talvez não tenham oportunidade de se desenvolver em estrelas como vemos hoje.”

Campos históricos sob ameaça

De becos na Jamaica aos subúrbios de Sydney, o relatório ainda detalha o impacto climático em campos onde grandes nomes do futebol começaram a carreira:

  • Egito: O campo de infância de Mo Salah enfrenta mais de um mês por ano de calor impraticável.
  • Brasil: o local de origem de Pelé já registra cinco vezes mais dias de calor extremo, agravado por estresse hídrico que impede manutenção do gramado.
  • Nigéria: o campo de infância de William Troost-Ekong poderá ter até 338 dias por ano de calor extremo.
  • Austrália: o campo de Tim Cahill cresceu pode ser atingido por inundações de até sete metros.
  • Coreia do Sul: chuvas intensas ameaçam o campo de infância de Son Heung-Min, em Seul.

Recomendações do relatório

Diante da escalada de riscos, o estudo recomenda que entidades gestoras do futebol assumam o compromisso de zerar suas emissões líquidas até 2040, com planos claros de descarbonização. Também propõe que grandes competições financiem adaptações em campos comunitários, principalmente nos países mais vulneráveis.

Elliot Arthur‑Worsop, Diretor Fundador da Football For Future, reflete:

“Os campos comunitários são onde os futuros Messis, Ronaldos e Rapinoes dão seus primeiros passos. Se o calor e as inundações tornam esses espaços inseguros, não estamos apenas perdendo campos — estamos minando a própria base do futuro do futebol.”

Essas constatações coincidem com a divulgação da maior pesquisa sobre futebol e clima já realizada nos EUA, Canadá e México. Mais de 90% dos fãs desejam que a Copa do Mundo lidere em sustentabilidade e mais da metade dos 3.600 torcedores pesquisados já enfrentaram interrupções de partidas por impactos climáticos. Além disso, 86% dos torcedores acreditam que clubes e entidades devem se posicionar sobre o clima, mesmo enquanto ainda reduzem sua pegada ambiental.

Em resposta à crescente preocupação de jogadores e torcedores, o relatório aconselha que as entidades gestores comprometam-se com a meta de emissões líquidas zero até 2040 e publiquem planos claros de descarbonização. Propostas incluem que competições de alto nível financiem adaptações em campos comunitários.

Jérémy Houssin, Líder de Sustentabilidade Ambiental na Common Goal, disse:

“A mudança climática já não é uma ameaça distante — ela está transformando o futebol. Os perigos aumentam e nem todos os locais os enfrentam igualmente. Quando jovens jogadores não podem contar com campos seguros em suas comunidades, o futuro do jogo como um todo está em risco. O futebol agora tem clareza, vozes e respaldo dos torcedores para proteger o esporte para gerações futuras.”

Rich Sorkin, CEO e cofundador da Jupiter Intelligence, disse:

“O futebol conecta o mundo — e agora, também ajuda a revelar o que está em jogo diante da crise climática. As análises e insights de riscos climáticos da Jupiter destacam as ameaças crescentes que a mudança climática impõe a proprietários, jogadores, torcedores e estádios. De arenas milionárias a campos comunitários, o jogo que amamos depende de condições seguras e resilientes. Esperamos que este relatório aumente a conscientização e gere ação — para proteger o Jogo Bonito e o planeta do qual depende. Pois a resiliência climática, assim como o futebol, é um esforço coletivo global.”

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