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Combustíveis sustentáveis quadruplicam até 2035

Iniciativa global visa quadruplicar produção de combustíveis sustentáveis até 2035, focando em setores de difícil descarbonização.

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Compromisso de Belém e Expansão Global dos Combustíveis Sustentáveis

Brasil, Japão e Itália lideraram um movimento crucial durante o encontro Pré-COP30, selando um pacto robusto para quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis até 2035. Com o endosso da Índia, esta iniciativa estratégica visa impulsionar o uso de hidrogênio, biocombustíveis e combustíveis sintéticos. O foco principal está em segmentos notoriamente difíceis de descarbonizar, como o transporte aéreo, marítimo e rodoviário, além de setores industriais pesados como a produção de cimento e aço.

O objetivo é criar um sinal político forte para investidores, estimulando a transição energética nesses nichos críticos. A expectativa é que o “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”, ou “Belém 4x”, seja formalmente adotado na Cúpula de Líderes que antecederá os debates da COP30 na Amazônia.

A receptividade à proposta foi notável, atraindo o interesse de nações europeias além dos membros iniciadores. Segundo João Marcos Paes Leme, diretor do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores, o esforço agora se concentra em mobilizar o máximo de países possível para aderir ao compromisso. Embora o documento formal da COP possa ser um resultado, a essência da iniciativa já dialoga com o acordado na COP28 em Dubai, que previa a triplicação das fontes renováveis e a duplicação da eficiência energética até 2035. A lacuna que este novo compromisso busca preencher reside especificamente nas áreas onde a eletrificação enfrenta barreiras técnicas significativas, necessitando urgentemente de moléculas de baixo carbono como alternativas imediatas e eficazes.

Biocombustíveis: Componente Essencial, Mas Não Único para Acelerar a Produção

É fundamental distinguir este novo acordo da Aliança Global de Biocombustíveis, lançada pela Índia há dois anos, na qual o Brasil e os Estados Unidos também são signatários e que permanece como uma prioridade válida. Embora os biocombustíveis sejam uma peça central, o escopo atual é significativamente mais amplo, englobando tecnologias emergentes como hidrogênio verde e combustíveis sintéticos.

O representante do Itamaraty enfatizou que muitas dessas tecnologias são comprovadamente viáveis, mas o desafio reside na falta de escala de produção. O apoio político explícito da COP é crucial para desbloquear o capital necessário para alavancar a produção dessas soluções. O Combustível Sustentável de Aviação (SAF) é um exemplo claro: tecnicamente pronto, mas com utilização ainda muito residual devido à baixa oferta e ao custo.

A amplitude da proposta visa enviar um sinal claro ao setor econômico, encorajando investimentos de longo prazo em infraestrutura e produção. A meta de quatro vezes é ambiciosa, mas baseada em dados concretos sobre o potencial de mitigação de emissões nos setores de difícil abatimento. A criação de cadeias de suprimento robustas e a garantia de financiamento, especialmente para nações em desenvolvimento, são pontos críticos abordados nas discussões subsequentes, buscando transformar o potencial técnico em realidade comercial em escala global.

Análise da AIE e Projeções Futuras para Investimentos em Energia

O número de quatro vezes não é aleatório; ele se fundamenta no relatório “Delivering Sustainable Fuels – Pathways to 2035”, divulgado pela Agência Internacional de Energia (AIE). A AIE projeta que, com a implementação das políticas já existentes ou anunciadas, os combustíveis sustentáveis podem, de fato, crescer exponencialmente até 2035. O estudo indica que, se mantida a trajetória atual, a demanda global por energéticos sustentáveis, líquidos e gasosos, que já dobrou entre 2010 e 2024, continuará a crescer gradualmente. A expectativa é que, em cinco anos, essas fontes possam suprir 10% da demanda global de transporte, 15% da aviação e impressionantes 35% da navegação, demonstrando o impacto direto no setor marítimo.

O relatório da AIE estima que os investimentos acumulados necessários entre 2024 e 2035 podem atingir a marca de US$1,5 trilhão, cobrindo todas as alternativas de combustíveis limpos. Para concretizar isso, a AIE recomenda prioridades claras: desenvolver rotas (roadmaps) e políticas de apoio regionais alinhadas às metas climáticas globais, sem impor restrições tecnológicas prévias. Outras recomendações incluem aumentar a previsibilidade da demanda para atrair capital, fomentar a inovação, desenvolver cadeias de suprimento e assegurar acesso a financiamento. A indústria reforça essa urgência, com o Molecule Group solicitando ao Brasil um engajamento firme, alertando que a neutralidade de emissões até 2050 exige um aumento de cerca de 20% na demanda global por combustíveis de baixo carbono.

Visão Geral

A articulação entre Brasil, Japão e Itália, reforçada pela Índia, estabelece uma meta ambiciosa de quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis até 2035. Esta iniciativa visa descarbonizar setores difíceis como aviação e aço, baseando-se em projeções da AIE e na necessidade de alternativas à eletrificação.

O “Compromisso de Belém” busca apoio político global para escalar a produção de hidrogênio, biocombustíveis e combustíveis sintéticos, sinalizando segurança para os investimentos necessários, estimados em trilhões de dólares, e garantindo o avanço rumo às metas climáticas globais.

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