São Paulo, 15 de outubro de 2025 — O Acelerador da Transição Industrial (ITA), em colaboração com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil (MDIC), anuncia a seleção de três novos projetos focados em impulsionar a indústria limpa no país. Este avanço eleva para 15 o número total de iniciativas apoiadas pelo ITA no Brasil, representando uma significativa oportunidade de investimento que supera os US$ 23 bilhões.

Os novos projetos escolhidos pelo ITA são liderados por Stegra, Green Energy Park e Grupo KWPar. Eles receberão assistência dedicada para identificar obstáculos e desenvolver soluções eficazes em áreas como política, demanda de mercado e financiamento, facilitando suas decisões finais de investimento (FID). Tais iniciativas envolvem o uso de hidrogênio verde para a produção de ferro, aço e produtos químicos com baixíssimas emissões, setores vitais para a descarbonização da economia.

A rodada confirma o protagonismo do Brasil na nova configuração industrial global voltada à descarbonização, posicionando-o como parte essencial do “cinturão industrial solar”. Este bloco é composto por nações com vasta disponibilidade de energia renovável e condições ideais para a indústria limpa.

“Países como o Brasil estão aproveitando a oferta abundante e competitiva de energia renovável para se posicionar na vanguarda da indústria do futuro”, afirma Faustine Delasalle, Diretora Executiva do ITA e CEO da Mission Possible Partnership.

“A seleção de novos projetos evidencia a forte parceria entre o MDIC e o ITA, reforçando nossa estratégia de construir uma nova base industrial, verde, inclusiva e competitiva”, afirma Julia Cruz, Secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC. “Continuaremos trabalhando de perto para transformar esses projetos em soluções concretas para o desenvolvimento econômico sustentável do Brasil.”

De acordo com o relatório “Indústria Limpa: Tendências de Transformação” de 2025, elaborado pela Mission Possible Partnership (MPP) e pelo ITA, o Brasil já assegurou US$ 6 bilhões em investimentos e possui um potencial adicional de até US$ 55 bilhões em oportunidades anunciadas.

“Os projetos são exemplos emblemáticos do potencial de indústria limpa do Brasil. Apoiamos projetos alinhados com uma visão de neutralidade climática para a indústria do futuro, que empregam diferentes soluções e em diferentes escalas, mas que impactam positivamente as cadeias de produção industrial”, explica Marc Moutinho, reponsável pelo programa do ITA no Brasil.

O suporte do ITA no Brasil também engloba projetos anunciados por outras empresas como Fortescue, European Energy, Acelen, Votorantim Cimentos, Mizu Cimentos, consórcio Eco Fusion, Alcoa, Solatio, Green Energy Park, Atlas Agro, e Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e Gerdau. Todos esses esforços têm o potencial de contribuir significativamente para a descarbonização da indústria pesada e do transporte de longa distância, responsáveis por quase um terço das emissões globais.

Cinturão solar industrial: Brasil concentra maior número de projetos industriais limpos na América do Sul; país está entre os dez maiores do mundo

O relatório conjunto da MPP e do ITA enfatiza que o Brasil se destaca com o maior volume de projetos verdes identificados na América do Sul e ocupa a 10ª posição mundial em portfólio de projetos de indústria limpa.

No total, o Brasil conta com 23 projetos de indústria limpa em escala comercial, dos quais quatro já estão financiados ou em operação, e 19 anunciados aguardando investimento. Estes projetos abrangem segmentos como químicos, cimento, alumínio e aviação. O país lidera um grupo de economias emergentes e em desenvolvimento (EMDEs), que, coletivamente, representam 25% do financiamento já garantido e 50% do potencial de investimento em projetos de indústria limpa. No total, o relatório analisou aproximadamente 700 projetos de indústria limpa em escala comercial em 69 países.

Na América do Sul, já foram anunciados 53 projetos de amônia de baixo carbono, sete de aviação sustentável (SAF) e cinco de produtos químicos (metanol e químicos de alto valor). Na indústria de alumínio de baixo carbono, a região abriga três projetos.

“Nosso trabalho ao longo do último ano, atuando em campo com desenvolvedores de projetos em diversas regiões, demonstrou que, quando líderes corporativos, financeiros e governamentais se unem, as soluções são discutidas, a confiança cresce e os projetos avançam mais rapidamente”, explica Faustine.

Ambiente regulatório e agenda da COP30

O ITA firmou parceria com a Plataforma Brasil de Clima e Transformação Ecológica (BIP) para financiar iniciativas alinhadas ao Plano de Transição Ecológica e à estratégia de Nova Indústria Brasil do país. Além disso, o Brasil está organizando US$ 3,4 bilhões em incentivos fiscais para hidrogênio verde, previstos para iniciar em 2028 através de leilões competitivos.

Com a realização da COP30 em Belém, o Brasil tem a oportunidade de consolidar sua liderança na transição da indústria limpa e atrair ainda mais investimento. *”Há potencial para expandir parcerias e ampliar o impacto das inovações desenvolvidas em cada projeto, mas isso exige engajamento multissetorial, agilidade regulatória e investimento contínuo”*, afirmou Marc.

Notas para editores

Indústria limpa: relatório de tendências transformacionais

Rastreador de Projetos Globais da Mission Possible Partnership:

* Sobre o ITA: O ITA é uma iniciativa global multissetorial, lançada na COP28, com o objetivo de catalisar a descarbonização nos setores da indústria e transporte com altas emissões, que juntos somam um terço das emissões globais. Por meio de redes extensas entre indústria, instituições financeiras e governos, o ITA congrega líderes globais para destravar investimentos em escala, visando a rápida implementação de soluções de descarbonização. Em três anos, almeja aumentar substancialmente o *pipeline* de projetos industriais limpos em escala comercial para reduzir as emissões até 2030 e possibilitar o cumprimento da meta alinhada ao Acordo de Paris para estes setores.

* Sobre a Mission Possible Partnership: A Mission Possible Partnership (MPP) é uma organização independente sem fins lucrativos dedicada a promover a transformação global da indústria limpa. Desde 2019, a MPP trabalha com os setores de maior consumo energético – alumínio, cimento, produtos químicos, transporte marítimo, aviação e aço – para reduzir suas emissões globais de GEE. A organização mobiliza líderes empresariais, financeiros, governamentais e da sociedade civil para acelerar a transição para materiais, produtos químicos e combustíveis limpos. Tendo delineado caminhos setoriais para zero emissões líquidas, a MPP continua a abrir novos territórios, removendo barreiras para viabilizar uma massa crítica de projetos de indústria limpa até 2030. A Parceria Mission Possible conta com equipes e parceiros em campo na América do Norte, Brasil, Europa, Oriente Médio, Norte da África, Índia e Austrália.

* Sobre o Global Project Tracker: Lançado em abril de 2024, o Global Project Tracker mapeia a transição industrial com base no marco de curto prazo da Estratégia de Transição Setorial: a construção de uma massa crítica de usinas industriais limpas. O objetivo é impulsionar a produção de *commodities* limpas em volumes suficientes para a escalabilidade de seus mercados e consequente queda de custos. Em atualizações semestrais, o Rastreador localiza geograficamente o portfólio de todas as usinas industriais limpas de escala comercial conhecidas, indicando seu status de desenvolvimento: anunciado, com decisão final de investimento (FID) ou em operação.

* Sobre os dados: Devido a aprimoramentos metodológicos, inclusão de novas fontes de dados e ajuste nas metas de “massa crítica”, não é possível estabelecer comparações diretas com dados anteriores. Embora todos os esforços tenham sido feitos para assegurar a precisão e integridade dos dados relativos ao mercado chinês, certas limitações podem existir. A transparência e disponibilidade de informações publicamente acessíveis na China podem variar significativamente entre os setores. Todas as medidas práticas foram tomadas para verificar e validar as informações contidas no Global Project Tracker.

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