Adicionalidade: O Desafio Regulatório Europeu que Impacta a Expansão do Hidrogênio Verde Brasileiro Política by Portal Meus Investimentos - 9 de novembro de 2025 A exigência regulatória de “adicionalidade” europeia ameaça a competitividade e o cronograma de investimentos bilionários no setor de hidrogênio verde no Brasil. ### Conteúdo A Adicionalidade sob a Lupa: Geração Nova para H2 Novo O Choque com a Realidade Brasileira O Debate no Marco Legal do Hidrogênio de Baixo Carbono O Dilema Econômico: Custo vs. Credibilidade O Caminho a Seguir: Flexibilidade e Certificação Nacional Visão Geral A Adicionalidade sob a Lupa: Geração Nova para H2 Novo Em sua essência, a adicionalidade é uma exigência regulatória que dita a seguinte regra: para que o hidrogênio produzido via eletrólise seja classificado como “verde” e possa ser exportado para mercados exigentes, como o europeu, a energia elétrica consumida no processo deve ser proveniente de fontes renováveis novas. Isto significa que o projeto de H2V não pode simplesmente se plugar à rede elétrica existente (mesmo que esta seja limpa, como é a brasileira). Ele deve estar atrelado a um projeto de geração solar ou eólica adicional, que tenha sido construído especificamente para atendê-lo e que não entraria em operação sem o projeto de hidrogênio. O objetivo, louvável do ponto de vista ambiental europeu, é garantir a real descarbonização. A União Europeia temia que a produção massiva de H2V gerasse uma “cannibalização” da energia limpa existente, forçando a rede a compensar a demanda com fontes fósseis, como o gás natural, em países com matrizes menos renováveis. O Choque com a Realidade Brasileira O grande problema para o Brasil é que importar o conceito europeu de adicionalidade ignora uma vantagem estrutural do país: a nossa matriz elétrica já é predominantemente limpa. Cerca de 85% da nossa eletricidade vem de fontes renováveis (hidrelétricas, eólicas e solares). A exigência de construir novas usinas dedicadas, chamada de linkage direto, adiciona uma camada de custo e complexidade que pode tornar o hidrogênio verde brasileiro caro demais. A indústria argumenta que obrigar novos projetos de autoprodução de energia, como os necessários para as plantas de H2V, a serem “adicionais” retira a competitividade do produto na largada. Entidades representativas do setor elétrico já se manifestaram, alertando o Congresso Nacional. Elas temem que, ao adotar integralmente as regras rigorosas da adicionalidade (especialmente as europeias, que incluem exigências de correlação temporal e geográfica), o Brasil perca a janela de oportunidade para se consolidar como um hub global de H2V. O Debate no Marco Legal do Hidrogênio de Baixo Carbono O “fantasma da adicionalidade” ganhou forma concreta durante a tramitação do Marco Legal do Hidrogênio de Baixo Carbono no Brasil, recentemente sancionado. Embora o projeto de lei tenha avançado com a criação do Regime Especial de Incentivos (Rehidro) e do Sistema Brasileiro de Certificação, a questão da origem da energia segue sendo o ponto de tensão máxima. O setor produtivo pleiteava maior flexibilidade. Eles defendem que, dada a natureza limpa do nosso sistema interligado nacional (SIN), a energia consumida para a eletrólise deveria ser presumidamente “verde” ou, no mínimo, que a adicionalidade fosse aplicada com regras de transição muito mais suaves. Uma das principais disputas era justamente sobre o tempo e a flexibilidade. O hidrogênio verde exige um ramp-up rápido. Impor requisitos rígidos de adicionalidade desde o Dia Um, sem períodos de adaptação ou presunções para o uso da energia da rede (conhecido como grid-connected), é visto como um “tiro no pé” regulatório. O Dilema Econômico: Custo vs. Credibilidade A discussão sobre a adicionalidade é, no fundo, um dilema entre custo e credibilidade internacional. Por um lado, ignorar totalmente a adicionalidade pode minar a credibilidade do hidrogênio verde brasileiro perante importadores como a Europa, Japão e Coreia do Sul, que buscam garantias de que o hidrogênio não está apenas remanejando carbono para outras partes da matriz elétrica. A certificação rigorosa é crucial para o acesso a estes mercados. Por outro lado, a imposição estrita da adicionalidade eleva drasticamente o custo inicial dos projetos. A necessidade de construir uma usina de geração dedicada para cada fábrica de eletrólise aumenta o Capex e, consequentemente, o preço final do H2V, ameaçando a paridade com o hidrogênio cinza (fóssil) e retardando a adoção. Os players brasileiros pedem um meio-termo. Uma das propostas em discussão envolve a adoção de uma “adicionalidade temporal e geográfica flexível”, permitindo que os projetos usem a rede, desde que comprovem a contratação de nova capacidade renovável em um período razoável (por exemplo, 36 meses após a entrada em operação) e em uma região compatível. O Caminho a Seguir: Flexibilidade e Certificação Nacional O Brasil precisa encontrar um equilíbrio regulatório que capitalize nossa matriz limpa sem cair na armadilha da descredibilidade internacional. O futuro do hidrogênio verde brasileiro dependerá de quão inteligente e flexível será o nosso Sistema Brasileiro de Certificação do Hidrogênio de Baixo Carbono (SBCH). Se o país não negociar regras de adicionalidade adaptadas à sua realidade, os vastos hubs de H2V planejados para o Nordeste e Sudeste podem enfrentar atrasos ou, pior, serem inviabilizados economicamente. A flexibilidade na adicionalidade é o principal ponto de atenção para os investidores nos próximos meses. A esperança reside na capacidade do governo e do setor elétrico de dialogarem e negociarem com parceiros internacionais. O Brasil pode argumentar que o benefício sistêmico de liberar grandes volumes de hidrogênio verde no mercado global supera o risco marginal de desvio de energia na nossa matriz, já majoritariamente renovável. A certificação nacional precisa ser robusta o suficiente para ser reconhecida no exterior, mas pragmática o suficiente para permitir que o H2V brasileiro decole rapidamente, evitando que o “fantasma da adicionalidade” se torne uma âncora permanente no nosso plano energético. Visão Geral O conceito europeu de adicionalidade exige fontes renováveis novas para a produção de hidrogênio verde, um entrave significativo para o Brasil. A matriz nacional já é majoritariamente limpa, e a imposição dessa regra aumenta custos e ameaça a competitividade dos projetos brasileiros, gerando um dilema entre acessar mercados internacionais e manter a viabilidade econômica dos players do setor. Veja tudo de ” Adicionalidade: O Desafio Regulatório Europeu que Impacta a Expansão do Hidrogênio Verde Brasileiro ” em: Portal Energia Limpa. Compartilhe isso: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+ Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram Mais Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir Relacionado