A Petrobras e o Retorno dos Fertilizantes Desafiam o Mercado de Gás Natural Brasileiro Negócios by Portal Meus Investimentos - 9 de outubro de 2025 Publicidade A reativação das FAFENs exige 2,5 milhões de m³ de gás/dia, redefinindo prioridades energéticas e a segurança do fornecimento no Nordeste. Conteúdo O Risco da Segurança Alimentar e o Retorno Estratégico O Choque de Demanda no Novo Mercado de Gás O Paradoxo da Sustentabilidade e o Papel do Gás As Implicações para a Geração Térmica no Nordeste Financiamento e Oportunidades Verdes a Longo Prazo Visão Geral O Risco da Segurança Alimentar e o Retorno Estratégico A decisão da Petrobras de reativar as FAFENs, que estavam hibernando ou arrendadas, é movida pela geopolítica e pela necessidade de reduzir a dependência brasileira de importação de fertilizantes. O país, um gigante do agronegócio, importa cerca de 85% do que consome, uma vulnerabilidade que ficou exposta com a guerra na Ucrânia e as crises de supply chain. A produção de ureia e amônia exige grandes volumes de gás natural como matéria-prima. O volume de 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia é o preço da autossuficiência parcial. Essa movimentação da Petrobras é vista como um passo crucial para a segurança alimentar do país, mas coloca uma pressão inédita na infraestrutura de gás natural e na sua alocação estratégica. A retomada da produção no Nordeste exige um olhar atento do setor elétrico. O gás que agora será consumido na fabricação de fertilizantes é o mesmo que poderia ser direcionado para a geração de energia térmica ou para o consumo de outras indústrias, criando um dilema de priorização energética regional. O Choque de Demanda no Novo Mercado de Gás O consumo diário de 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia pelas FAFENs representa um choque significativo no Novo Mercado de Gás. Este volume é comparável ao consumo de uma grande termelétrica de ciclo combinado operando em plena carga, ou a uma fatia relevante da demanda industrial total do Nordeste. A estratégia da Petrobras para garantir esse supply passa pela otimização de sua própria produção em águas profundas e pelo uso de terminais de GNL (Gás Natural Liquefeito). No entanto, a entrada repentina de tal demanda pode tensionar o mercado, elevando os preços regionais. Isso é particularmente sensível para as geradoras termelétricas que competem pelo mesmo insumo. O aumento da demanda por gás natural cimenta a posição do combustível como commodity de transição. Para o setor elétrico, a alta volatilidade de preços do gás é um fator de risco na contratação de energia térmica, afetando indiretamente os custos da energia contratada e a tarifa final do consumidor. O Novo Mercado de Gás precisa provar sua resiliência frente a essa nova e maciça carga industrial. O Paradoxo da Sustentabilidade e o Papel do Gás Para a comunidade de energia renovável, a expansão do consumo de gás natural levanta a bandeira do paradoxo da sustentabilidade. Embora o gás seja indiscutivelmente mais limpo que o carvão e o óleo combustível, ele ainda é uma fonte fóssil. Consumir 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia em aplicações não elétricas significa fixar a dependência do país em hidrocarbonetos por mais algumas décadas. O setor elétrico tem avançado rapidamente em fontes como eólica e solar, especialmente no Nordeste. Contudo, o gás é essencial para dar segurança e flexibilidade ao sistema, atuando como back-up rápido. Quando a indústria de fertilizantes absorve um volume tão grande, ela entra em concorrência direta com a necessidade do sistema de energia térmica flexível. A grande questão de sustentabilidade é se esse consumo industrial não está atrasando a penetração de alternativas de baixo carbono, como o Hidrogênio Verde (H2V), que poderiam, no futuro, ser usados tanto na geração de energia quanto na produção de amônia e fertilizantes “verdes”. O consumo de 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia solidifica o status quo fóssil. As Implicações para a Geração Térmica no Nordeste O Nordeste brasileiro, coração da geração renovável intermitente, depende de termelétricas a gás natural para a segurança do sistema em momentos de baixa incidência solar ou vento fraco. A concorrência pela molécula de gás é agora mais acirrada. Se o supply for prioritariamente direcionado às FAFENs — dada sua importância econômica e social —, as termelétricas podem enfrentar restrições de volume ou preços mais altos. Os Contratos de Gás do setor elétrico precisarão de cláusulas mais robustas de garantia de suprimento e preço para proteger a estabilidade da matriz energética contra o apetite industrial. Os operadores de energia precisam considerar que a retomada das FAFENs pela Petrobras mudou a curva de demanda de gás natural na região. Isso exige um planejamento de longo prazo mais cauteloso para novos projetos de energia térmica, incentivando talvez a busca por soluções ainda mais flexíveis e descentralizadas que não dependam da mesma infraestrutura de gás. Financiamento e Oportunidades Verdes a Longo Prazo Apesar da alta demanda por gás natural, a longo prazo, o retorno da produção de fertilizantes pela Petrobras pode abrir portas para o futuro verde. Há um crescente interesse global na produção de amônia verde e ureia verde, onde o gás fóssil é substituído pelo H2V. O fato de as unidades de fertilizantes estarem operacionais e estrategicamente localizadas no Nordeste—região com potencial líder em H2V—cria a infraestrutura e o know-how industrial para uma futura conversão. O desafio, agora, é fazer a transição do consumo de 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia para um equivalente volume de hidrogênio renovável. A movimentação da Petrobras é, portanto, um ato com duas faces: garante a segurança alimentar com gás fóssil no curto prazo, mas estabelece a base física para a futura sustentabilidade industrial de zero carbono. Para o setor elétrico, significa que o debate sobre a infraestrutura de gás e seu papel como bridge fuel está longe de terminar. Visão Geral A reativação das FAFENs pela Petrobras, demandando 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia, é uma manobra de segurança alimentar que tensiona o Novo Mercado de Gás. Este volume massivo de consumo coloca em xeque a alocação de suprimento para a geração térmica no Nordeste, expondo o dilema entre a segurança energética imediata e a transição para fontes de baixo carbono, como o Hidrogênio Verde (H2V), que se torna a meta de longo prazo para as unidades industriais reativadas. Veja tudo de ” A Petrobras e o Retorno dos Fertilizantes Desafiam o Mercado de Gás Natural Brasileiro ” em: Portal Energia Limpa. Compartilhe isso: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+ Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram Mais Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir Relacionado