A Âncora da Transição Energética Chambriard e o Papel Estratégico da Construção Naval nas Políticas Públicas Política by Portal Meus Investimentos - 10 de outubro de 2025 A declaração de Chambriard sobre políticas públicas e construção naval é crucial para viabilizar a energia eólica offshore e a transição energética no Brasil. **Conteúdo** * [O Custo da Inatividade e a Necessidade de Conteúdo Local](#o-custo-da-inatividade-e-a-necessidade-de-conteudo-local) * [A Construção Naval como Ponte para a Energia Offshore](#a-construcao-naval-como-ponte-para-a-energia-offshore) * [Financiamento e o Desafio da Especialização](#financiamento-e-o-desafio-da-especializacao) * [Lições do Passado e a Busca por Sustentabilidade](#licoes-do-passado-e-a-busca-por-sustentabilidade) * [O Futuro no Horizonte De FPSO a WTIV](#o-futuro-no-horizonte-de-fpso-a-wtiv) * [Visão Geral](#visao-geral) ### O Custo da Inatividade e a Necessidade de Conteúdo Local O setor elétrico brasileiro, especialmente a ala voltada para energia limpa e sustentabilidade, observa com lupa cada movimento estratégico da Petrobras. A recente declaração da presidente da estatal, Magda Chambriard, de que políticas públicas viabilizaram retomada da construção naval no Brasil, ressoa muito além dos estaleiros. Para quem planeja a expansão da capacidade de geração renovável, essa retomada é um pilar fundamental para a viabilidade da promissora energia eólica offshore e para a logística de toda a transição energética nacional. A afirmação de Chambriard não é apenas um endosso à política industrial do governo. É o reconhecimento de que grandes projetos de infraestrutura — sejam eles para extrair petróleo do Pré-sal ou para instalar turbinas gigantes no mar — dependem de uma base produtiva nacional forte. A crise da construção naval na última década deixou uma lacuna técnica e logística que agora precisa ser preenchida rapidamente, sob pena de atrasar os ambiciosos projetos de descarbonização do país. A última grande onda de crescimento dos estaleiros brasileiros, impulsionada pelo Pré-sal, terminou em colapso devido a desvios e má gestão. A expertise técnica se dispersou, e a infraestrutura ficou sucateada. A Petrobras, principal cliente histórico, ficou refém da capacidade internacional para a construção de sondas e plataformas FPSO. Chambriard defende que as políticas públicas viabilizaram retomada da construção naval justamente porque elas injetam previsibilidade e volume de demanda, como as encomendas de novos navios petroleiros e de apoio. Essa previsibilidade é o que permite aos estaleiros investir em modernização, treinamento de mão de obra e, crucialmente, no desenvolvimento de conteúdo local para atender às exigências não só do óleo e gás, mas também da energia limpa. A exigência de conteúdo local em grandes projetos, uma das marcas das políticas públicas setoriais, garante que o dinheiro investido na expansão energética circule na economia brasileira. No setor elétrico, essa regra será essencial para a cadeia de suprimentos da eólica offshore, que exige componentes complexos e caros, como as jaquetas das turbinas e as bases flutuantes. ### A Construção Naval como Ponte para a Energia Offshore Para o investidor e o engenheiro de energia limpa, a retomada da construção naval não é um luxo, mas uma necessidade pragmática. Projetos de energia eólica offshore demandam embarcações altamente especializadas, conhecidas como Wind Turbine Installation Vessels (WTIVs). Estes navios são usados para transportar e içar componentes maciços das turbinas, que podem pesar centenas de toneladas, a quilômetros da costa. Sem estaleiros capazes de construir, adaptar ou, no mínimo, realizar manutenção pesada nessas embarcações, o Brasil continuará dependente de frotas estrangeiras. Isso encarece a instalação, aumenta o tempo de lead time e introduz um risco cambial significativo em projetos que já possuem um alto custo inicial. O sucesso das políticas públicas na construção naval será medido também pela sua capacidade de se adaptar a essa nova fronteira tecnológica. O Brasil possui um potencial de energia eólica offshore estimado em centenas de gigawatts. Para tirar esses projetos do papel, precisaremos de navios para lançar cabos submarinos, plataformas de conversão e estações flutuantes. A retomada da construção naval precisa ser vista, portanto, como a construção da infraestrutura-chave para a transição energética marinha. ### Financiamento e o Desafio da Especialização Um dos pilares das políticas públicas citadas por Chambriard é o sistema de financiamento, notadamente via Fundo da Marinha Mercante (FMM) e BNDES. Estes mecanismos são essenciais para reduzir o risco de capital inicial dos estaleiros, que operam com ciclos de produção longos e investimentos vultosos. No entanto, o foco desses financiamentos deve ser recalibrado. Se a retomada da construção naval se concentrar apenas na demanda de FPSOs para petróleo, perderemos o timing da transição energética. Os financiamentos e incentivos fiscais devem priorizar estaleiros que demonstrem planos concretos de especialização em ativos para a energia limpa, como embarcações de suporte a operações de carbono zero e estruturas para hidrogênio verde. Essa é a grande missão do novo momento. As políticas públicas devem ser inteligentes o suficiente para direcionar a capacidade instalada dos estaleiros. É preciso garantir que o conteúdo local gerado não fique restrito ao setor fóssil, mas migre com eficiência para as demandas de sustentabilidade e energia renovável. ### Lições do Passado e a Busca por Sustentabilidade A declaração de Chambriard sobre como as políticas públicas viabilizaram retomada da construção naval traz consigo o peso da história recente. O passado de corrupção e ineficiência precisa ser substituído por uma governança rígida, garantindo que o novo ciclo de crescimento seja sustentável, transparente e focado em alta tecnologia. A construção naval moderna não é mais sobre aço e solda pesada; é sobre digitalização, automação e integração de sistemas complexos. Para os estaleiros que buscam atender ao setor elétrico, a certificação ESG e a adoção de práticas de baixa emissão em seus próprios processos produtivos serão diferenciais competitivos. O profissional de energia limpa não aceitará um parceiro logístico que não incorpore a sustentabilidade em seu core business. A retomada da construção naval representa uma excelente oportunidade para o Brasil desenvolver hubs industriais marítimos de ponta. A Petrobras está sinalizando que será a locomotiva inicial, mas a expansão sustentável virá de projetos de terceiros, especialmente no segmento de energia eólica offshore, exigindo que os estaleiros brasileiros se tornem players globais em infraestrutura para energia renovável. ### O Futuro no Horizonte De FPSO a WTIV O horizonte de sustentabilidade do setor elétrico brasileiro depende intrinsecamente da capacidade de mobilizar recursos no mar. Se as políticas públicas conseguirem, de fato, garantir a retomada da construção naval e direcionar essa capacidade para as demandas da transição energética, o Brasil poderá se tornar um hub global de fabricação e manutenção de equipamentos para energia offshore. A fala de Chambriard é um convite e um desafio. É um convite para o setor elétrico planejar seus projetos de energia limpa contando com fornecedores nacionais. E é um desafio para as autoridades garantirem que a nova era da construção naval seja pautada pela inovação, pela sustentabilidade e, acima de tudo, pela integridade, consolidando o Brasil como potência não apenas em petróleo, mas também em infraestrutura de energia renovável marítima. ### Visão Geral O setor elétrico brasileiro, impulsionado pela necessidade de energia limpa, encontra na retomada da construção naval um vetor estratégico. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, enfatizou como as políticas públicas viabilizaram retomada da construção naval, essencial para suprir a demanda de projetos complexos como a energia eólica offshore. Esta reindustrialização, focada em conteúdo local e sustentabilidade, é vista como a infraestrutura-chave para concretizar a transição energética nacional, exigindo financiamento direcionado e especialização técnica para além do óleo e gás. Veja tudo de ” A Âncora da Transição Energética Chambriard e o Papel Estratégico da Construção Naval nas Políticas Públicas ” em: Portal Energia Limpa. Compartilhe isso: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+ Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram Mais Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir Relacionado