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A Âncora da Transição Energética Chambriard e o Papel Estratégico da Construção Naval nas Políticas Públicas

A declaração de Chambriard sobre políticas públicas e construção naval é crucial para viabilizar a energia eólica offshore e a transição energética no Brasil.

**Conteúdo**
* [O Custo da Inatividade e a Necessidade de Conteúdo Local](#o-custo-da-inatividade-e-a-necessidade-de-conteudo-local)
* [A Construção Naval como Ponte para a Energia Offshore](#a-construcao-naval-como-ponte-para-a-energia-offshore)
* [Financiamento e o Desafio da Especialização](#financiamento-e-o-desafio-da-especializacao)
* [Lições do Passado e a Busca por Sustentabilidade](#licoes-do-passado-e-a-busca-por-sustentabilidade)
* [O Futuro no Horizonte De FPSO a WTIV](#o-futuro-no-horizonte-de-fpso-a-wtiv)
* [Visão Geral](#visao-geral)

### O Custo da Inatividade e a Necessidade de Conteúdo Local

O setor elétrico brasileiro, especialmente a ala voltada para energia limpa e sustentabilidade, observa com lupa cada movimento estratégico da Petrobras. A recente declaração da presidente da estatal, Magda Chambriard, de que políticas públicas viabilizaram retomada da construção naval no Brasil, ressoa muito além dos estaleiros. Para quem planeja a expansão da capacidade de geração renovável, essa retomada é um pilar fundamental para a viabilidade da promissora energia eólica offshore e para a logística de toda a transição energética nacional.

A afirmação de Chambriard não é apenas um endosso à política industrial do governo. É o reconhecimento de que grandes projetos de infraestrutura — sejam eles para extrair petróleo do Pré-sal ou para instalar turbinas gigantes no mar — dependem de uma base produtiva nacional forte. A crise da construção naval na última década deixou uma lacuna técnica e logística que agora precisa ser preenchida rapidamente, sob pena de atrasar os ambiciosos projetos de descarbonização do país.

A última grande onda de crescimento dos estaleiros brasileiros, impulsionada pelo Pré-sal, terminou em colapso devido a desvios e má gestão. A expertise técnica se dispersou, e a infraestrutura ficou sucateada. A Petrobras, principal cliente histórico, ficou refém da capacidade internacional para a construção de sondas e plataformas FPSO.

Chambriard defende que as políticas públicas viabilizaram retomada da construção naval justamente porque elas injetam previsibilidade e volume de demanda, como as encomendas de novos navios petroleiros e de apoio. Essa previsibilidade é o que permite aos estaleiros investir em modernização, treinamento de mão de obra e, crucialmente, no desenvolvimento de conteúdo local para atender às exigências não só do óleo e gás, mas também da energia limpa.

A exigência de conteúdo local em grandes projetos, uma das marcas das políticas públicas setoriais, garante que o dinheiro investido na expansão energética circule na economia brasileira. No setor elétrico, essa regra será essencial para a cadeia de suprimentos da eólica offshore, que exige componentes complexos e caros, como as jaquetas das turbinas e as bases flutuantes.

### A Construção Naval como Ponte para a Energia Offshore

Para o investidor e o engenheiro de energia limpa, a retomada da construção naval não é um luxo, mas uma necessidade pragmática. Projetos de energia eólica offshore demandam embarcações altamente especializadas, conhecidas como Wind Turbine Installation Vessels (WTIVs). Estes navios são usados para transportar e içar componentes maciços das turbinas, que podem pesar centenas de toneladas, a quilômetros da costa.

Sem estaleiros capazes de construir, adaptar ou, no mínimo, realizar manutenção pesada nessas embarcações, o Brasil continuará dependente de frotas estrangeiras. Isso encarece a instalação, aumenta o tempo de lead time e introduz um risco cambial significativo em projetos que já possuem um alto custo inicial. O sucesso das políticas públicas na construção naval será medido também pela sua capacidade de se adaptar a essa nova fronteira tecnológica.

O Brasil possui um potencial de energia eólica offshore estimado em centenas de gigawatts. Para tirar esses projetos do papel, precisaremos de navios para lançar cabos submarinos, plataformas de conversão e estações flutuantes. A retomada da construção naval precisa ser vista, portanto, como a construção da infraestrutura-chave para a transição energética marinha.

### Financiamento e o Desafio da Especialização

Um dos pilares das políticas públicas citadas por Chambriard é o sistema de financiamento, notadamente via Fundo da Marinha Mercante (FMM) e BNDES. Estes mecanismos são essenciais para reduzir o risco de capital inicial dos estaleiros, que operam com ciclos de produção longos e investimentos vultosos.

No entanto, o foco desses financiamentos deve ser recalibrado. Se a retomada da construção naval se concentrar apenas na demanda de FPSOs para petróleo, perderemos o timing da transição energética. Os financiamentos e incentivos fiscais devem priorizar estaleiros que demonstrem planos concretos de especialização em ativos para a energia limpa, como embarcações de suporte a operações de carbono zero e estruturas para hidrogênio verde.

Essa é a grande missão do novo momento. As políticas públicas devem ser inteligentes o suficiente para direcionar a capacidade instalada dos estaleiros. É preciso garantir que o conteúdo local gerado não fique restrito ao setor fóssil, mas migre com eficiência para as demandas de sustentabilidade e energia renovável.

### Lições do Passado e a Busca por Sustentabilidade

A declaração de Chambriard sobre como as políticas públicas viabilizaram retomada da construção naval traz consigo o peso da história recente. O passado de corrupção e ineficiência precisa ser substituído por uma governança rígida, garantindo que o novo ciclo de crescimento seja sustentável, transparente e focado em alta tecnologia.

A construção naval moderna não é mais sobre aço e solda pesada; é sobre digitalização, automação e integração de sistemas complexos. Para os estaleiros que buscam atender ao setor elétrico, a certificação ESG e a adoção de práticas de baixa emissão em seus próprios processos produtivos serão diferenciais competitivos. O profissional de energia limpa não aceitará um parceiro logístico que não incorpore a sustentabilidade em seu core business.

A retomada da construção naval representa uma excelente oportunidade para o Brasil desenvolver hubs industriais marítimos de ponta. A Petrobras está sinalizando que será a locomotiva inicial, mas a expansão sustentável virá de projetos de terceiros, especialmente no segmento de energia eólica offshore, exigindo que os estaleiros brasileiros se tornem players globais em infraestrutura para energia renovável.

### O Futuro no Horizonte De FPSO a WTIV

O horizonte de sustentabilidade do setor elétrico brasileiro depende intrinsecamente da capacidade de mobilizar recursos no mar. Se as políticas públicas conseguirem, de fato, garantir a retomada da construção naval e direcionar essa capacidade para as demandas da transição energética, o Brasil poderá se tornar um hub global de fabricação e manutenção de equipamentos para energia offshore.

A fala de Chambriard é um convite e um desafio. É um convite para o setor elétrico planejar seus projetos de energia limpa contando com fornecedores nacionais. E é um desafio para as autoridades garantirem que a nova era da construção naval seja pautada pela inovação, pela sustentabilidade e, acima de tudo, pela integridade, consolidando o Brasil como potência não apenas em petróleo, mas também em infraestrutura de energia renovável marítima.

### Visão Geral

O setor elétrico brasileiro, impulsionado pela necessidade de energia limpa, encontra na retomada da construção naval um vetor estratégico. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, enfatizou como as políticas públicas viabilizaram retomada da construção naval, essencial para suprir a demanda de projetos complexos como a energia eólica offshore. Esta reindustrialização, focada em conteúdo local e sustentabilidade, é vista como a infraestrutura-chave para concretizar a transição energética nacional, exigindo financiamento direcionado e especialização técnica para além do óleo e gás.

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